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General Heleno nega à CPI dos Atos Antidemocráticos ter planejado golpe de Estado

Publicado em

Foto: Rinaldo Morelli/CLDF

O militar afirma não ter participado de reuniões com o ex-presidente Bolsonaro para tratar de “fechamento do Congresso ou do STF”

O ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Augusto Heleno, compareceu hoje à Câmara Legislativa para prestar depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos. Aos deputados integrantes da CPI, o general negou ter participado de qualquer planejamento visando um golpe de Estado.

“Um golpe de Estado, para ter sucesso, precisa de um líder principal que esteja disposto a liderar. O golpe teria condições de acontecer se tivesse sido planejado. Não é simplesmente sair na rua e dar o golpe”, afirmou Heleno ao ser questionado pelo presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT), sobre sua participação em posicionamentos do ex-presidente Bolsonaro sobre o sistema eleitoral brasileiro. “As narrativas são fantasiosas, eu nunca participei de reunião com o presidente para discutir fechamento do Congresso ou do STF”, completou Heleno.

Ao ser questionado sobre o que achava da apreensão de um documento com teor golpista na casa do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, Heleno fez uma defesa de seu ex-colega de governo. “Anderson Torres era muito leal e preparado. Eu gosto muito dele. Esse tal documento foi uma página ruim da história de vida dele. Mas era um documento sem importância, tanto é que ele deixou na casa dele sem qualquer preocupação”, disse.

Sobre um áudio vazado para a imprensa em que diz estar se medicando com Lexotan para conter atitudes mais drásticas do presidente Bolsonaro contra o STF, Heleno disse que se tratava de uma brincadeira. “Falei de maneira jocosa. Foi uma brincadeira. A atitude drástica a que me referi seria um rompimento declarado [de Bolsonaro] com o STF”, afirmou.

 

 

O relator da CPI dos Atos Antidemocráticos, deputado Hermeto (MDB), perguntou ao general se na avaliação dele uma ligação de Bolsonaro a Lula reconhecendo a derrota nas eleições teria evitado os acontecimentos do dia 8 de janeiro. “Não tenho opinião formada sobre isso. Não posso avaliar o que aconteceria se houvesse esse reconhecimento”, respondeu Heleno.

O general Heleno também negou ter comparecido aos acampamentos que pediam golpe militar após as eleições. “Só vi por fotografia, nunca estive lá. Mas acredito que era um local sadio, onde as pessoas faziam orações e se reuniam para conversar sobre política. Foi uma manifestação ordeira, uma experiência nova em termos de manifestação política”, avaliou.

Questionado sobre o motivo de ter curtido um tuíte que dizia “sermos pacíficos não adiantou” poucas horas antes do início dos atos de vandalismo no dia 8 de janeiro, Heleno disse não se lembrar de ter interagido com a publicação, embora tenha garantido à CPI que somente ele tem acesso a sua conta no Twitter.

O deputado Fábio Félix (PSOL) quis saber o motivo de uma reunião que o general Heleno teve com a ativista Sarah Winter, em 2021. “Em novembro de 2021, Sarah Winter disse à revista Istoé que foi orientada pelo senhor a direcionar todos os esforços contra o STF. Então, o grupo dela marchou até a sede do Supremo e atacou o prédio com fogos de artifício”, lembrou o deputado. “Pedi a senhora Sarah Winter que comparecesse em meu gabinete para conversarmos a respeito das reclamações dos jornalistas que estavam trabalhando no cercadinho do Alvorada. Eu mal conhecia aquela pessoa”, garantiu.

Questionado sobre sua avaliação a respeito das urnas eletrônicas, o general Heleno respondeu que confia “em termos” e disse que há uma série de questionamentos sobre as urnas eletrônicas.

Jaqueline Silva (sem partido) parabenizou o general pelos relevantes serviços prestados ao país e disse que “a CPI vai produzir um relatório que não vai prejudicar ninguém”. Pastor Daniel de Castro (PP) questionou o general se ele havia recebido qualquer informação sobre ameaça de invasão dos palácios da República no dia 8 de janeiro e obteve uma negativa do general como resposta.

Thiago Manzoni (PL) disse que o general Heleno “é um patriota que abriu mão de seus anseios e de sua vida pessoal para servir o Brasil”. Max Maciel (PSOL) ressaltou que os atos do dia 8 de janeiro não aconteceram aleatoriamente, pois teriam que ter sido planejados.

 

Paula Belmonte (Cidadania) agradeceu Heleno pelo “trabalho que vem fazendo ao longo dos anos no Brasil”. Gabriel Magno (PT) afirmou que os responsáveis pelos ataques de 12 de dezembro saíram do acampamento golpista. “De lá saiu o planejamento do atentado à bomba no aeroporto, no dia 24 de dezembro”, apontou.

Eder Wen – Agência CLDF

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