Agência Brasília* | Edição: Chico Neto
Helen entrou no projeto aos 13 anos e permaneceu até os 19. Hoje, com 22, ela cursa geofísica na Universidade de Brasília (UnB) e reconhece que o centro fez diferença na sua jornada.
“Aqui a gente se conecta muito com as pessoas”, conta. “Não é só um profissional atendendo, tem uma empatia, tem sensibilidade. Se hoje faço faculdade, trabalho, consigo morar sozinha e me sustentar, o Capsi tem uma parte muito importante nisso”.
Localizado em Sobradinho, o Capsi recebe, em média, de 280 a 300 pacientes por mês, moradores de Sobradinho, Sobradinho II, Fercal e Planaltina. O centro atende, principalmente, crianças e adolescentes em sofrimento psíquico grave, bem como menores de 16 anos que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas. Além disso, a unidade na região norte atua em parceria com outros serviços públicos, como Conselho Tutelar e Secretaria de Educação (SEE).
Atendimento
Sem necessidade de encaminhamento, o centro conta com equipe composta por médico, terapeuta ocupacional, enfermeiro, técnico de enfermagem, fonoaudiólogo, psicólogo, psiquiatra, assistente social e residentes de áreas diversas.
Em regra, o atendimento é grupal mas, se necessário, há a possibilidade de assistência individual com profissionais especializados. “O trabalho é feito em grupo para desenvolver essa reabilitação da parte psicossocial”, explica a supervisora do Capsi Sobradinho, Ingrid Jeane. “São feitos grupos de adolescentes, de crianças e de pais. Além disso, temos uma equipe multidisciplinar e observamos a evolução do paciente”. Os grupos funcionam no horário oposto às atividades escolares dos pacientes.
Por indicação da escola, Kátia (nome fictício) buscou atendimento no Capsi de Sobradinho para a filha, que é autista e tem fobia social, e à época tinha dez anos. “Acredito que esse espaço é uma válvula de escape para ela interagir com pessoas que a entendem”, avalia. “Aqui ela melhorou muito, pois convive com os colegas da escola, que antes não tinha. Todo o amparo que ela precisa, tem no centro”. Hoje com 16 anos, a jovem participa semanalmente de um grupo com outros adolescentes e faz acompanhamento com fonoaudióloga, psiquiatra e terapeuta ocupacional.
Caminho de uma década
No evento que celebrou mais de uma década de Capsi, neste mês, foi feita uma assembleia coordenada pelos adolescentes atendidos e pelos pais. Servidores e convidados conheceram as ideias de quem é assistido pela instituição.
“O objetivo foi ouvir as demandas dos usuários e discutir suas propostas”, conta a gerente do Capsi Sobradinho, Priscila Bueno. “Isso também é resultado do trabalho realizado na conferência da região Norte [de Saúde], realizada neste ano”. Bate-papo para trocas de experiência, atividades recreativas, pintura de rosto e apresentação de vídeos também fizeram parte da programação.
O Capsi ganhou protagonismo especialmente após o período mais intenso da covid-19. “A saúde mental infantil de certa maneira sempre foi negligenciada e, com a pandemia, cresceu”, afirma a diretora de atenção secundária da Secretaria de Saúde (SES), Elzileide de Albuquerque. “Quando as crianças deveriam estar socializando, elas estavam em casa. A ansiedade infantil é uma realidade. É preciso olhar com cuidado o sofrimento psíquico pediátrico. Ainda bem que podemos contar com o trabalho dos Capsis para atender as crianças, os pais e ajudá-los a lidar com isso”.
Saiba mais
Capsi Sobradinho
→ Telefone: 2017-1145, ramais 2115/2116/2117
→ e-mail: [email protected]
→ Horário de atendimento: segunda a sexta-feira, das 7h às 12h e das 13h às 18h.
→ Acesse mais informações sobre o Centro de Atenção Psicossocial Infantil da região Norte de Saúde.
*Com informações da Secretaria de Saúde