Trabalhadores pedem diálogo e transparência à BRF
Em encontro nacional, categoria profissional decide rejeitar propostas de negociação abaixo da inflação e não descarta a possibilidade de paralisações
Por Clarice Gulyas
Foto: FETIAESC
Sem avanços nas negociações coletivas de trabalho, a categoria profissional da BRF decidiu nessa terça (12/04), durante encontro geral em Santa Catarina (SC), iniciar uma campanha nacional de mobilização caso a companhia de alimentos não abra diálogo com as entidades sindicais. Com coordenação da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins), que representa cerca de 100 mil trabalhadores da BRF em todo o Brasil, a categoria convoca a direção da empresa para uma reunião ainda esse mês. A região Sul do País concentra atualmente a maior parte dos trabalhadores (cerca de 54 mil), em 20 unidades industriais.
Durante a reunião geral da categoria, que contou com representantes dos trabalhadores de diversos Estados, foi aprovada a rejeição de propostas de negociação abaixo da inflação. Segundo a CNTA Afins, a empresa tem praticado uma política padrão de dificultar as negociações, sem dialogar com sindicatos e federações. Ao todo, participaram do encontro nacional 15 entidades sindicais, entre sindicatos e federações, ligados aos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e Mato Grosso.
De acordo com o presidente da CNTA Afins, Artur Bueno de Camargo, a confederação irá oficiar a empresa com um pedido de reunião com a data indicativa para o dia 27 de abril. Uma comissão composta por representantes dos trabalhadores de cada Estado com unidade da BRF deverá participar do encontro, caso a empresa aceite abrir o diálogo em âmbito nacional.
“Nossa expectativa é que a BRF aceite a reunião e busque mudar esse relacionamento agressivo com sindicatos e federações representantes dos trabalhadores. Por outro lado, caso não mudem, iremos mobilizar todos os trabalhadores em suas bases, mostrando com clareza os lucros que a BRF vem obtendo e, em contrapartida, não oferece sequer a correção da inflação no salário dos trabalhadores.”, comenta o presidente da CNTA Afins, que também não descarta a possibilidade de paralisações e até mesmo mobilização internacional.
Comparativos financeiros 2014 x 2015
Líder global na exportação de proteína animal e com produção de alimentos que chegam a mais de 120 países, a BRF conta atualmente com 35 unidades industriais no Brasil (principalmente nos Estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul) e 21 centros de distribuição. Além disso, a dona das marcas Sadia e Perdigão possui 13 fábricas no exterior (seis na Argentina, uma no Reino Unido, uma na Holanda, quatro na Tailândia e uma nos Emirados Árabes) e 40 centros de distribuição.
De acordo com pesquisa recente (de 2015) do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), feita a pedido da CNTA Afins, a receita líquida da empresa totalizou R$ 32,197 bilhões, 11% a mais do que em 2014. O EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado e consolidado cresceu cerca de 17% em 2015 se comparado a 2014, atingindo R$ 5,735 bilhões. A margem EBITDA foi de 17,2% no ano, ante 16,9% em 2014. O lucro líquido ajustado foi de R$ 3,111 bilhões em 2015, frente à R$ 2,225 milhões em 2014 (alta de quase 40%).
Emprego
Em 2015, a BRF empregava 105.733 funcionários no mundo, sendo que deste total, 100.488 (95%) estavam localizados no Brasil, o que configurou a empresa como uma das três companhias que mais empregam no Brasil.
Segundo o relatório da BRF, sua força de trabalho é composta em sua maioria por homens (56%). Com relação à localização geográfica, são os Estados da região Sul que concentram a maior parte de sua mão de obra: 54.133 trabalhadores (53,9%).
No que tange à rotatividade do trabalho, ainda segundo o mesmo relatório, foram contratados 22.965 novos trabalhadores em 2015, enquanto 27.161 foram desligados. Saldo negativo de 4.196 vagas.
Número de Empregados por Região do País
Norte: 307 empregados – 0,31%
Nordeste: 3.688 empregados – 3,67%
Centro-Oeste: 25.970 empregados – 25,84%
Sudeste: 16.390 empregados – 16,31%
Sul: 54.133 empregados – 53,87%
TOTAL: 100.488 empregados – 100%
Nordeste: 3.688 empregados – 3,67%
Centro-Oeste: 25.970 empregados – 25,84%
Sudeste: 16.390 empregados – 16,31%
Sul: 54.133 empregados – 53,87%
TOTAL: 100.488 empregados – 100%
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