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Irmãos de sangue

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A Palavra de Deus diz que na hora da dificuldade nasce um irmão (Provérbios 17:17).

Que alegria e honra saber que tenho tantos irmãos de sangue em Brasília. Foram varias as pessoas que compareceram ao Hemocentro São Lucas para doar um pouco de si para mim.

Recebemos o apoio de policiais civis, bombeiros, policiais militares, amigos, familiares, e ex-alunos, que vieram doar sangue. Além disso, inúmeros leitores e blogueiros mobilizaram suas redes em apoio a mim e a minha família.

Então, venho agradecer a cada um que se envolveu direta ou indiretamente com essa mobilização. Ganhei muitos irmãos. Minha família e eu somos gratos a Deus e a vocês por nos dar suporte nessa hora de dificuldade.

Quero honra-los com uma crônica do meu amigo-irmão, o jornalista Luiz Philipe Leite, que tão bem retrata o significado de uma doação de sangue.

Muito obrigado e um forte abraço!
Fernando Fidelis e família

Mililitros de amor

Por Luiz Philipe Leite

Já pensou em medir o amor em mililitros? Sei que uma pergunta dessa parece estranha. Afinal, o amor é incontável. Mas será mesmo?! Acho que posso apresentar uma antítese.

Eu devia ter uns oito ou dez anos de idade quando ouvi pela primeira vez, até onde me recordo, que minha mãe iria sair para doar uns mililitros de amor. Não entendi nada na hora. Mas ela me colocou no carro e lá fomos nós para a região central de Brasília.

Chegamos a um prédio em concreto cru. Um tipo de arquitetura bem comum na capital federal. Já naqueles idos, da década de 1990, tinha cara de antigo. Achei esquisito. Mas ao entrar naquele local, fiquei perplexo. Algumas dezenas de pessoas deitadas em “camas”, umas ao lado das outras, com um tubo escarlate saindo delas direto para uma bolsa.

Perguntei a minha mãe o que era aquilo tudo. “Amor”, ela respondeu. Franzi a testa como faço até hoje quando não entendo algo. Mamãe explicou que cada uma daquelas pessoas estava doando 450 mililitros de amor.

Curioso desde sempre, filho de jornalista, colei numa moça de avental branco e comecei a fazer um monte de perguntas que foram docemente respondidas. Estávamos no Hemocentro de Brasília. Cada bolsa de sangue daquelas podia salvar até quatro pessoas. Desde gente que passaria por cirurgias a pessoas que sofreram acidentes e perderam muito sangue. Ou até mesmo na produção de medicamentos para portadores de doenças hemorrágicas.

Fiquei feliz e orgulhoso de saber que minha mãe fazia parte de um exército de heróis. Uma legião que está mais para anjos, que soldados. Que não derrama sangue, e sim o doa. Que compartilha vida.

Desde aquela época, minha mãe vai ao hemocentro a cada quatro meses. E incentiva tantos outros a doarem. Hoje, eu entendo o que são esses 450 mililitros de amor.

Não há nada mais solidário, mais humano, de um amor incondicional, que doar sangue a quem não se conhece. É doar vida e esperança a pessoas que muitas vezes estão na linha da morte.

Quantos “irmãos de sangue” tenho por ai e nem faço ideia?! Imagine, então, o catarinense Orestes Golanovski (in memorian, 2012) que foi considerado, pela Organização Mundial da Saúde, o maior doador de sangue do mundo. Em 48 anos ele fez 187 doações de sangue.

Por isso, digo-lhe, caro leitor, se você ainda não o fez, doe seus 450 mililitros de amor.

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