Foto: ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República e ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (crédito:EBC)
Lançamento da campanha nacional “Adoção: Família para todos” reuniu cerca de 200 pessoas nesta terça-feira (24) em solenidade no Palácio do Planalto. Com o objetivo de sensibilizar a sociedade no Dia Nacional da Adoção, comemorado nesta quarta-feira (25), a ONG Aconchego incentivou a adoção de crianças e adolescentes fora do perfil idealizado pela maioria dos candidatos a pais adotivos. Compareceram ao evento crianças de abrigos do Distrito Federal (DF), famílias adotivas e representantes do Poder Judiciário e Executivo como o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República; a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; o juíz auxiliar do Conselho Nacional de Justiça, Reinaldo Quintas; e o juíz corregedor do Cadastro Nacional de Adoção (CNA), Nicolau Neto.
Ao se pronunciar, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República compartilhou a experiência pessoal de ter adotado suas duas filhas. E destacou a importância da proposta do evento para despertar o interesse da adoção no país já que, segundo o ministro, grande parte dessas crianças com mais de 5 ou 6 anos de idade ou que possuem irmãos acabam sendo adotadas por casais estrangeiros.
“Governo nenhum consegue fazer as transformações mais profundas e individuais que um país precisa. É com a participação desse tipo de gente (ONG Aconchego) que nós vamos conseguir de fato fazer com que a injustiça, o preconceito, a discriminação e as diferenças sejam abolidas do nosso país. Por isso, esse grito de hoje pela adoção é um grito que espero também repercuta para dentro do Executivo, Legislativo e Judiciário para que tomemos todas as medidas que o governo possa fazer para facilitar o trabalho dessa gente e para permitir que essa gente brasileira tão generosa possa, de fato, exercer esse amor e essa generosidade do nosso povo”, disse.
Dos cerca de 29 mil meninos e meninas que vivem em abrigos atualmente no Brasil, menos de 5 mil estão aptos para adoção. Desse total, aproximadamente a metade é de raça negra e 21% possuem problemas de saúde como deficiência física ou intelectual, segundo dados divulgados no último mês pelo CNA. Só o DF conta com 295 famílias habilitadas para a adoção e 163 crianças aptas para serem adotadas. Ou seja, são aproximadamente 2,5 famílias para cada criança. No entanto, 100 desses meninos e meninas têm idade entre 12 e 18 anos.
Para a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, o abandono não caracteriza apenas o momento em que a criança é separada da família biológica, mas quando Estado, sociedade e família não conseguem produzir o apoio ao desenvolvimento integral da criança através do direito à vida familiar, como estabelece a Constituição Federal. Rosário defendeu a obrigação da criação de um plano de desinstitucionalização individual nos abrigos com base na nova Lei Nacional de Adoção, sancionada pelo ex-presidente Lula, em 2009.
“Nosso problema não está só no fato das pessoas não organizarem o seu desejo com a imagem da criança que buscam com a imagem da criança real. Mas está também na morosidade com que nós tratamos o destino da criança dentro da instituição de abrigamento. A lei é clara em dizer que nos primeiros passos de um programa destinado a cada criança é verificado se esta criança voltará para o convívio da sua família original, mas fazer com que as chances se percam para esta criança quanto ao direito à família substituta não é algo justo com a vida dela”, disse.
Solange e Adriano Veloso aprovaram a iniciativa do encontro. Para eles, a falta de informação quanto à adoção estimula o preconceito gerado, principalmente, por desconhecidos. Após o nascimento da filha biológica Amanda, 12 anos, o casal resolveu adotar os irmãos Samuel, 8 anos, e Giulia, 5 anos. O casal, que há dois anos ingressou no CNA sem manifestar qualquer tipo de especificação quanto ao perfil das crianças desejadas, explica que o papel de organizações como a Aconhego é fundamental para ajudar na adaptação e na troca de experiências entre pais e filhos adotivos.
“Espero que com essa campanha, as pessoas saibam realmente o que é a adoção. Para quem está fora é fácil julgar ou até mesmo apoiar. Quando vamos a algum grupo como a Aconchego, vemos que todas as pessoas passam por dificuldades e problemas como os nossos. A adaptação é difícil no começo, mas a convivência e o tempo irão ajudar na aproximação e trazer um amor mais forte”, diz Solange.
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