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Bafômetro obrigatório reunirá jovens em passeata no Plano Piloto
Movimento Bruna Pela Vida ganha as ruas por justiça

A obrigatoriedade do uso do bafômetro será tema de protesto neste sábado (20) em grande passeata no Plano Piloto. A reivindicação é de familiares e amigos da jovem Bruna de Oliveira Carneiro, 20 anos, morta no último mês em acidente de trânsito. A passeata do Movimento Bruna Pela Vida ocorrerá a partir das 15h no trajeto que ligará as quadras 403 sul e 601 norte. Diversas entidades e parlamentares confirmaram presença.

A passeata também será uma forma de homenagear a jovem na data em que completará um mês que Bruna faleceu, vítima da combinação volante e álcool. No dia 14 de outubro, Bruna saia de uma festa com amigo, Allan Frederico da Silva Chamoro, que dirigia em alta velocidade e sob efeitos da bebida. No acidente, ocorrido na altura da 601 norte, em frente à CEB, o veículo capotou após atingir árvore e poste de iluminação. Mesmo como passageira, Bruna foi arremessada para fora do veículo e não resistiu aos ferimentos, vindo a falecer uma semana após o acidente. O jovem que dirigia o veículo não realizou o teste do bafômetro, respondendo apenas administrativamente pelo acidente. Apesar da morte de Bruna, o motorista poderá somente ter suspensa a carteira de motorista e pagar multa de trânsito, prevista em lei.

“A intenção é fazermos o mesmo percurso que eles fizeram no dia do acidente, conscientizando as pessoas que álcool e direção não combinam e que o uso do cinto de segurança é fundamental. Ela era minha única irmã e perde-la assim é uma dor irreparável”, desabafa Bárbara de Oliveira Carneiro, irmã de Bruna.

Para a subsecretária de Proteção às Vítimas de Violência, Valéria de Velasco, iniciativas como essa contribuem para mudar o quadro de violência no trânsito. “Nossa cultura de falta de prevenção e de cuidado com a vida costuma tachar esse tipo de acontecimento de fatalidade. A violência nas pistas custa mais de R$ 6 bi ao país, por ano, de acordo com pesquisas do Ipea e Denatran. Sem contar os danos psicológicos, financeiros e à saúde dos familiares das vítimas”, diz.

O encontro terá a participação de órgãos como a Subsecretaria de Proteção às Vítimas de Violência (Pró-Vítima), do Comitê Nacional de Vítimas da Violência (Convive) e da ong Rodas da Paz. Os deputados federais eleitos Reguffe e Eryka Kokay também confirmaram presença na caminhada.

De acordo com a advogada criminalista, Ângela Rita Cássia de Oliveira, a lei 11.705/08 (Lei Seca) está coberta de inconstitucionalidades. Antes de modificar os artigos 175 e, mais especificamente o 306 do Código de Trânsito Brasileiro, a punição dos condutores alcoolizados era imediata. Com a Lei Seca, o infrator passou a sofrer sanção administrativa caso o teor alcóolico seja menor do que 0,6 grama por litro de sangue , ou preso em flagrante caso seja maior. “Se ele pode se recusar a fazer o bafômetro, como você vai saber se o teor alcóolico dele é maior ou menor do que 0,6? O que a polícia tem feito com quem se recusa: supõe que o condutor está alcoolizado, leva ele para a delegacia e tem que liberá-lo com uma sanção administrativa já que Pacto de São Jose da Costa Rica ninguém obrigado a produzir provas contra si mesmo”, explica.

Segundo a psicóloga, Andreia Prata, especialista em reabilitação por meio da equoterapia, são inúmeras as dificuldades enfrentadas por vítimas de trânsito durante os tratamentos físico e psicológico. No caso de quem sobrevive um acidente como o de Bruna, deve passar um acompanhamento psicológico para lidar com perdas como a da visão e dos movimentos. “Alguns danos são reversíveis e outros não, dependendo da saúde da vítima e do local afetado. A reabilitação é dolorida, demorada e difícil. É um processo que afeta toda a família e exige um reorganização psicológica para combater a depressão e síndromes como a do pânico”, diz.

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