Os realizadores do Distrito Federal ganharam, este ano, mais um dia para exibir seus trabalhos no 58º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A Mostra Brasília, na qual são exibidos os filmes que concorrem ao 27º Troféu Câmara Legislativa, terá mais uma sessão e será realizada de 15 a 19 de setembro, com entrada gratuita. Além disso, cineastas e outros profissionais do setor estão incluídos em diversos espaços do festival.
Antes restrita, a presença do cinema local no Festival de Brasília vem sendo ampliada desde a criação da premiação da CLDF, conforme chamou a atenção, recentemente, o cineasta, crítico e professor Sérgio Moriconi. Nesta edição, realizadores do Distrito Federal também estarão na mostra competitiva nacional – a principal do certame –, em mostras paralelas e no Festivalzinho, dedicado ao público infanto-juvenil, entre outros espaços.
Maior vencedor do Troféu Câmara Legislativa, José Eduardo Belmonte disputa, mais uma vez, o prêmio principal do festival, desta vez com o filme Assalto à Brasileira. O diretor, paulista criado em Brasília, formou-se na UnB, onde deu início à trajetória no cinema. Os curtas-metragens de sua autoria 5 Filmes Estrangeiros (1997) e Tepê (1999) venceram o segundo e o quarto Troféu da CLDF, respectivamente. Em 2003, seu primeiro longa, Subterrâneos, ganhou o prêmio de melhor filme. Em seguida, vieram A Concepção (2005), Se Nada Mais Der Certo (2008), e O Pastor e o Guerrilheiro (2022).
Na competição nacional de curtas, o representante brasiliense será Fogo Abismo – documentário assinado por Roni Sousa, que traz lembranças da infância na Vila Rabelo, uma das maiores ocupações de Brasília. Cineasta e pesquisador, ele cursa doutorado em ciências da comunicação – cinema e televisão, com foco em narrativas periféricas.
Especiais
Uma sessão especial do 58º Festival de Brasília, intitulada DF Hoje, Ontem e Amanhã, com o objetivo de celebrar a história do cinema brasiliense, exibirá o curta O Cego Estrangeiro, de Marcius Barbieri. O filme competiu na quinta edição do Troféu Câmara Legislativa, no ano 2000, e recebeu menção especial do júri.
Na mesma ocasião, será exibido o novo longa-metragem de Cibele Amaral, a ficção O Socorro Não Virá. Diretora, produtora e roteirista com mais de 20 anos de atuação no Brasil e no exterior, ela dirigiu curtas e longas premiados. Seus filmes passaram por festivais como Gramado, Brasília, Rio e Miami.
Animação dirigida e roteirizada por Gustavo Fontenele Dourado, Hacker Leonilia – que terá exibição no Festivalzinho – é inspirada na avó do cineasta e conta a história de uma hacker idosa e negra que precisa lidar com os seus problemas e usar as habilidades para escapar de um metaverso no futuro. O diretor, nascido no Distrito Federal, tem participado de eventos e mercados como San Sebastián, Cannes e Veneza, entre outros. É formado em cinema e mídias digitais pelo IESB.
“É uma grande felicidade realizar a estreia nacional no Festival de Brasília”, afirma Dourado, que concorreu ao Troféu Câmara Legislativa em 2008, com seu primeiro curta-metragem. Ele adianta que Hacker Lionilia vai virar longa, graças ao apoio do Itaú Cultural, e ainda destaca a importância do debate proporcionado pelo filme “em um contexto de inteligência artificial, que necessita urgentemente de regulação”.
No encerramento do festival, será exibido o premiado A natureza das coisas invisíveis, primeiro longa da diretora e roteirista brasiliense Rafaela Camelo. O filme, que estreou em Berlim, acaba de ganhar, no Festival de Gramado, os prêmios de atriz coadjuvante, para Aline Marta Maria, e trilha musical, para Alekos Vuskovic, além do Prêmio Especial do Júri.

Outros espaços
Além das exibições de filmes, cineastas do DF também irão participar de outros eventos da programação do 58º Festival de Brasília. Entre eles está Adirley Queirós, que ministra a oficina “Cinema e imaginários periféricos: no fair play contra o amansamento e o apaziguamento da história. Viva as fabulações dissidentes!”.
O nome de Adirley Queirós apareceu, pela primeira vez, entre os vencedores do Troféu Câmara Legislativa em 2009, com o curta-metragem Dias de Greve. Ele voltaria a receber o prêmio em 2019 com o filme Branco Sai, Preto Fica – grande vencedor da 19ª edição. Além de melhor longa-metragem, escolhido pelo júri oficial, levou quatro estatuetas em categorias técnicas.
Vencedora do 9º Troféu Câmara Legislativa, com o documentário Dom Helder Câmara – o Santo Rebelde, Erika Bauer exercerá a função de mediadora de debates em vários momentos do Festival de Brasília deste ano, inclusive após uma das exibições da Mostra Brasília, além da sessão especial que homenageia o cinema brasiliense.
Fonte: Agência CLDF