Dando continuidade às investigações sobre a poluição do Rio Melchior, que corta parte do Distrito Federal entre Samambaia, Ceilândia e Pôr do Sol, a Comissão Parlamentar de Inquérito do Rio Melchior da Câmara Legislativa esteve hoje (22) na planta industrial do abatedouro de aves da empresa Seara, em Samambaia Norte. A visita técnica da comissão serviu para verificar o funcionamento da estação de tratamento de efluentes do abatedouro e para observar de perto o despejo do efluente tratado no rio. A visita é um desdobramento de denúncia recebida pela comissão sobre despejo irregular de rejeitos no rio Melchior.
“Recebemos denúncias com fotos e vídeos demonstrando o despejo de um líquido avermelhado no rio. Por isso estamos aqui para fiscalizar e verificar realmente o que eles estão jogando no Rio Melchior”, explicou a presidente da CPI, deputada Paula Belmonte (Cidadania). Durante a visita, os técnicos da CPI identificaram vazamentos em equipamentos e constataram o estado precário de máquinas utilizadas pela indústria para processar os rejeitos. “Vimos maquinário sucateado, com vazamento de líquido no solo. Não saio hoje com uma boa impressão sobre a responsabilidade da empresa, especialmente no que diz respeito à impermeabilização do solo”, apontou a deputada.
Para o representante do Movimento Salve o Rio Melchior, Alzirênio Carvalho, o trabalho da CPI é fundamental para identificar e responsabilizar pessoas e empresas que estejam poluindo o rio. “Recentemente verificamos o lançamento de um líquido vermelho no Rio Melchior e fizemos a denúncia ao Ministério Público. O nosso objetivo é que a CPI efetivamente responsabilize os que estão poluindo nosso rio. Tememos que esse rio possa estar causando doenças nas comunidades, pois sua água é utilizada amplamente para irrigação e também para consumo de famílias”, explicou.
Durante a visita, foi constatada uma presença considerável de líquido de rejeito na área do abatedouro, cujo solo apresentava muitas rachaduras. Já no ponto de despejo dos efluentes no Rio Melchior aparentemente não havia água contaminada durante a visita da CPI. Consultores legislativos especialistas em meio ambiente da Câmara Legislativa fizeram parte da comitiva da CPI na visita técnica. “Estamos aqui para verificar como está sendo feito o tratamento de efluentes do abatedouro. A água do efluente que é despejada no Rio Melchior está hoje visivelmente transparente, mas para termos certeza de sua composição temos que aguardar as análises laboratoriais”, observou o consultor legislativo André Felipe da Silva.

O abatedouro da Seara em Samambaia Norte pertence ao grupo JBS e produz 578 toneladas de carne de frango por dia. A planta industrial abate mais de 245 mil aves por dia, todas recebidas em caminhões de mais de 480 aviários do Distrito Federal. As evidências coletadas durante a visita juntamente com informações técnicas fornecidas pelo abatedouro comporão o relatório que está sendo elaborado pela CPI.
Fonte: Agência CLDF