Encerrando o primeiro turno de debates desta quinta-feira (7), o Conecta CLDF: Comunicação 360° trouxe ao público duas mesas redondas de debates. A primeira discutiu o papel das TVs públicas na democracia, e a segunda trabalhou a comunicação digital e a inovação no setor público.
Integrando a primeira mesa, Jean Lima, diretor-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), pontuou que a emissora está comprometida a ser “uma janela aberta para a cultura e a informação, promovendo a conexão com o país por meio de uma programação que valoriza o Brasil e suas histórias para todos os públicos”.
Para o diretor, a dinâmica comunicacional da sociedade atual, com forte protagonismo dos conteúdos difundidos via redes sociais, exige das TVs públicas um compromisso na luta contra a desinformação. “O jornalismo público é essencial e, por meio dele, exercemos uma de nossas principais atribuições: o combate à desinformação e o fortalecimento da democracia”, afirmou.
O presidente da Associação Brasileira de Televisões e Rádios Legislativas (Astral), Gerson Inácio de Castro, mencionou a dificuldade enfrentada pelas emissoras públicas de atribuir ao cidadão comum o papel de protagonista nos conteúdos veiculados. Para ele, na TV pública, o povo precisa se sentir representado.
“O grande desafio das emissoras públicas é fazer com que o cidadão se aproprie dos valores democráticos como seus e, assim, passe a defendê-los. O cidadão, quando se importa com o que é público, passa a cuidar e se engajar”.
Inácio pontuou ainda que uma das mais relevantes contribuições dos canais públicos é a divulgação das expressões culturais populares, com programas que relatem a “essência” da cultura do cidadão comum. “O povo tem que ser ver na TV. Temos que mostrar sua cultura, seus valores, suas dificuldades”, avaliou.
A TV pública, conforme Érico Silveira, diretor da TV Senado, está inserida dentro de um contexto maior de comunicação, sendo uma das partes de um ecossistema de mídia que engloba diversos nichos. Para Silveira, é preciso que haja um constante diálogo com o cidadão para que ele participe ativamente das diretrizes que norteiam a TV pública. “Precisamos debater com a sociedade e saber se ela realmente quer uma TV pública, para que ela quer uma TV pública e como ela [sociedade] pode se preparar e se instrumentalizar para realizar o debate público”, declarou.
A primeira mesa contou com a mediação do coordenador dos cursos de graduação em Comunicação Social do UniCEUB Bruno Assunção Nalon, que é especialista em Gestão da Comunicação e mestre em Comunicação Social.
Comunicação digital no setor público
Na mesa 2, o diretor de Inovação da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, André Aquino, ponderou que a comunicação pública efetiva tende a passar da lógica da difusão para visão dialógica de relacionamento com a sociedade. Ele entende que os processos de participação popular integral devem ser cada vez mais incentivados como forma de consolidação da democracia.
“Para fortalecer a democracia, não basta falarmos dela, devemos praticá-la. E para que isso ocorra, precisamos implantar novas práticas sociais associadas às novas tecnologias. Não é só colocar uma nova tecnologia para aprimorar a difusão, mas implementar tecnologias que nos ajudem a desenvolver práticas sociais de participação e de argumentação”, ponderou.
Aquino trouxe para o debate o conceito de Civic Thecs (ou tecnologia cívica), que se refere ao uso de tecnologia para fortalecer a participação dos cidadãos em processos governamentais e promover a transparência e a eficiência nos serviços públicos. Conforme apontou, as inovações nessa área “ampliam a democracia digital” e têm o potencial de empoderar comunidades, reduzir a burocracia e promover uma governança mais inclusiva e representativa.
Na mesma linha, o gerente de Soluções Digitais na Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) explicou que é preciso que entes públicos desenvolvam uma comunicação que dialogue com a visão e necessidade do público. Para ele, o modelo unidirecional de informações está superado e a participação popular não pode ser exercida simplesmente como uma formalidade.
Ele avalia que a visão do “outro”, ou seja, do cidadão, deve ser o ponto de partida para a formulação de um diálogo eficiente. “A comunicação e a inovação virão do conhecimento das reais necessidades das pessoas”, afirmou.
A mesa teve como mediadora a socióloga e mestre Bárbara de Souza Silva, CDO da Lagos Data Intelligence, que ponderou que um dos pontos que uniu a fala dos participantes é a necessidade de que o poder público disponha de dados de qualidade para que consiga treinar as novas tecnologias para propor mudanças significativas para o cidadão.
Os debates tiveram transmissão ao vivo pela TV Câmara Distrital e pelo YouTube da CLDF. A programação completa do Conecta CLDF: Comunicação 360° pode ser acessada na página do evento.
Fonte: Agência CLDF