A Câmara Legislativa realizou reunião pública da Comissão de Educação e Cultura (CEC) durante a manhã desta segunda-feira (19) para debater o protagonismo juvenil nas escolas. O encontro, presidido pelo deputado Gabriel Magno (PT), e que contou ainda com a participação da deputada Paula Belmonte (Cidadania), reuniu estudantes do Centro Educacional do Lago (CEL) que contaram a vivência que têm como protagonistas em sua escola.
O CEL é uma escola pública de ensino médio em tempo integral. Funciona no Lago Sul e recebe estudantes de várias regiões. Entre elas, Jardim Botânico, Mangueiral, São Sebastião, Asa Sul, Itapoã e até a Cidade Ocidental.
Segundo o deputado Gabriel Magno (PT), presidente da CEC, o Distrito Federal tem hoje mais de setecentas escolas que atendem mais de 500 mil estudantes. “É um tamanho que a gente não vê em nenhum outro serviço público. Só a educação dá conta de um sistema tão descentralizado e com uma capacidade diária de atendimento para mais de 500 mil pessoas”.
Nosso Parlamento
O parlamentar informou que, como parte do projeto Nosso Parlamento, no âmbito do Centro Educacional do Lago, foram registrados nove projetos que podem se tornar propostas legislativas. “O do Alex Melquizedeque trata da saúde do homem, o do Átila Eugênio trata do ingresso no ensino superior, o do Daniel Cabral fala da inclusão de estudantes com deficiência, da Flor Borba sobre a infraestrutura nas escolas, do Gabriel Mesquita em relação ao sistema de avaliação para além das disciplinas e currículos, da Giovana Rosa a respeito da educação ambiental, do Júlio César sobre a questão da oratória, da Maria Eduarda que apresentou o projeto dos cães de apoio emocional, e da Viviane Oliveira que trata do passe estudantil ilimitado”, resumiu o deputado.
O programa Nosso Parlamento abrange dois projetos: Plenarinho Distrital, destinado a estudantes da educação infantil e fundamental, e Parlamento Jovem Distrital, para estudantes dos ensinos médio e superior. Neste último, está inserida a iniciativa das propostas apresentadas e que faz parte do objetivo da reunião da CEC para debater o protagonismo juvenil nas escolas.
O diretor do CEL, Vitor Rios, falou sobre a composição socioeconômica da escola. “Uma pequena quantidade de estudantes é do Lago Sul, uma região muito abastada, e alguns da Asa Sul. É uma comunidade muito heterogênea. Majoritariamente são estudantes pardos e preto, além de não virem de famílias com renda média elevada e até alguns atendidos por programas sociais. Apesar da região onde está a escola, somos um retrato do DF”, afirma Vitor.
Ele também explicou que a escola usa uma metodologia voltada para a realização de projetos pelos alunos, além do currículo básico do ensino médio. “O CEL preza muito por uma metodologia de projetos. Então os estudantes ficam no contraturno em três dias na semana e montam uma grade de ofertas em que podem escolher de acordo com seus interesses. Assim, temos diversos projetos focados no protagonismo juvenil. Por exemplo, o clube de aplicação para universidades estrangeiras, a incubadora de empresa júnior, o clube de debates, a oficina de marcenaria e a de robótica, onde o projeto é do estudante e o professor atua mais como mentor e orientador. Considero isso muito valioso, ainda mais no ensino médio, para desenvolver a mentalidade de que você não é apenas uma esponja absorvendo conhecimento”, defendeu o diretor.
“Estamos aqui hoje porque tem a parceria com a Escola do Legislativo da Câmara Legislativa [como parte do projeto Nosso Parlamento]. E temos algumas equipes de jovens deputados e seus assessores que desenvolveram propostas legislativas para intervenção na sociedade, sabendo que a sociedade civil pode propor iniciativas e que a Câmara Legislativa pode absorver essas propostas e torná-las projetos de lei e gerar uma mudança na sociedade”, explicou Vitor.
Em seu pronunciamento, a deputada Paula Belmonte disse que os estudantes mostraram um nível que a impressionou. “Eu gostaria de ter tido esse nível na idade de vocês. Sou fruto de escola pública. Parabéns! Isso é fruto de uma importância na politização dos jovens. Quando eu era jovem a gente não falava muito de política. Não falo da política partidária. Falo de vocês estarem pertencentes à sociedade [e participativos]”, elogiou Paula Belmonte.
Propostas apresentadas
Flor Borba Rodrigues, estudante do primeiro ano, manifestou sua felicidade com a participação e falou sobre a proposta que sugeriu. “É importante ensinar aos jovens sobre consciência política, mas também trazer isso para todas as pessoas. A mudança da metodologia das escolas deve ser aprimorada, assim como a estrutura física e alimentação. Eu quero que tenham reformas na estrutura física das escolas periodicamente”, propôs Flor.
Já a estudante do terceiro ano Gabriela Mesquita defendeu que a metodologia deve estar presente em toda a rede pública. “A gente tem muito esse processo no CEL, onde os estudantes são autônomos, conseguem desenvolver projetos por si só e acho que isso deveria ser um pilar em outras escolas até porque quando a gente coloca os estudantes no centro das discussões a gente tem opiniões de estudantes para mudar coisas para estudantes”, disse Gabriela.
Ela explicou que seu projeto busca valorizar mais do que apenas as notas de provas. “O ‘Estudante Valoriza’ quer contabilizar tudo que o estudante fez ao longo do ensino médio, seja esporte, clubes de matemática ou de debates. Tudo isso deveria ser contado. Nossos vestibulares ocorrem de maneira tradicional e só contabilizam notas. Os estudantes são basicamente um pedaço de papel com nota e não se valoriza ou reconhece o que ele fez durante o ensino médio. Temos exemplos internacionais, onde métodos de ingresso para as faculdades contabilizam tudo que o aluno faz durante o ensino médio”, argumentou Gabriela.

Também estudante do CEL, Maria Eduarda Bispo falou sobre a importância da saúde mental para os estudantes. “Minha proposta é sobre cães de apoio emocional nas escolas, tornando o ambiente mais acolhedor e um verdadeiro espaço de cuidado com a saúde mental dos estudantes. A gente precisa tratar disso com o mesmo cuidado que tratamos as questões de notas, provas e trabalhos, tornando a escola um espaço de cuidado com a saúde mental, ensinando valores como empatia, respeito e responsabilidade”, falou Maria Eduarda.
Viviane Oliveira, do segundo ano, propôs o passe estudantil ilimitado. “Nós que usamos percebemos o quão difícil é o passe estudantil. Vários tiveram o passe negado e a sociedade não fala muito sobre isso. É importante saber sobre a realidade das outras pessoas e saber votar não só no que é bom para você, mas no que é bom para a maioria”, defendeu Viviane.
Ao fim da reunião pública, o deputado Gabriel Magno e a deputada Paula Belmonte se comprometeram a estudar as propostas apresentadas com objetivo de verificar quais delas podem se tornar projetos de lei apresentados em conjunto por ambos os parlamentares.
Fonte: Agência CLDF