Projeto apresenta Espetáculos e Exposição com bonecos de vários países incluindo o brasileiríssimo Mamulengo para estudantes e comunidade em geral
O Gama receberá, no CAIC (SMA) e na Escola Livre Voar (SMA Conjunto K loja 5 PróDF), de quarta à sexta-feira (de 12/02 a 14/02), das 8h às11h30 e das 13h30 às 17h, as visitas guiadas da Exposição de Bonecos do Museu Itinerante de Bonecos, para alunos e comunidade em geral. Na sexta (14), a Escola Livre Voar recebe dois espetáculos, às 10h, “Marieta e o Boi-Bumbá” do Grupo Trapusteros Teatro, e, às 14h, “Adivinha Adivinhão”, da Cia Voar Teatro de Bonecos. Tudo aberto e gratuito e livre para todos os públicos. Este projeto é realizado pela Trapusteros Teatro com o Grupo Pirilampo com recursos do FAC-DF. A Secretaria de Educação do DF, o LATA – Laboratório de Teatro de Formas Animadas, do Departamento de Artes Cênicas da UnB, e a Voar Arte para a Infância e Juventude são parceiros desta iniciativa.
Já a Estrutural recebe a Exposição com visitas guiadas para alunos na terça-feira (18/02), e o espetáculo “Marieta e o Boi-Bumbá” do Grupo Trapusteros Teatro, às 10h do mesmo dia, no Centro de Educação Infantil 01 (CEI 01 – Qd 03 Ae 01 – St Norte). Na quinta-feira (20), será a vez da Escola Classe 1 (EC 01- Praça Central da Vila) receber a Exposição com o espetáculo “Pra subir na vida” do Grupo Pirilampo, às 14h. Depois, o projeto seguirá para o Recanto das Emas e Varjão.
A proponente e idealizadora do projeto, a Profa.Izabela Brochado diz que o Museu Itinerante de Teatro de Bonecos, como o próprio nome indica, é um museu que se desloca por diversos lugares. Ele já passou por várias cidades brasileiras e também por alguns países como Cuba, Venezuela, Colômbia, Espanha e Portugal ele é composto por bonecos de diversos países, entre eles, China, índia, México e Portugal.
“Mas a maioria pertence ao Mamulengo, uma rica tradição de teatro de bonecos do Nordeste que, em 2015, recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Iphan. Na exposição há também bonecos construídos por nós, bonequeiros do Distrito Federal”, explica Izabela, que também é bonequeira.
A idealizadora fala que a Exposição também é composta por fotos dos mestre e de vários elementos que configuram o teatro de Mamulengo; painéis explicativos sobre cada técnica e visitas guiadas com a supervisão de monitores. Além disso, ainda segundo ela, caso haja estudantes com deficiência auditiva, haverá intérprete de libras em pelo menos um turno.
“Os bonecos do Museu carregam as marcas do seu lugar de origem, dos mestres, artesãos e artistas que os criaram e dos caminhos que percorreram. Levam consigo o legado de quem os confeccionou e, por meio deles, contou e continua a contar muitas histórias”, finaliza Izabela.
Espetáculos
“Marieta e o Boi-Bumbá” do Grupo Trapusteros Teatro – divulgação
“Marieta e o Boi-Bumbá” – Marieta, uma menina que vive numa fazenda com seus pais, tem um boizinho de estimação chamado Bumbá. Um dia, Bumbá foge e ela vai atrás dele, pois irá levá-lo à festa do Bumba-meu-Boi. Enquanto o procura, no caminho Marieta vai se encontrando com vários personagens do mamulengo – dois cantadores, os caboclinhos de Orubá, a cobra e o cavaleiro, que irão auxiliá-la na sua busca. Encenada com bonecos de luva e vara feitos por vários mestres bonequeiros, a peça apresenta músicas e cenas baseadas no teatro de bonecos popular do Nordeste. Grupo Trapusteros Teatro – Foi fundado em 2004, pelo bonequeiro espanhol Marcos Pena, durante sua residência artística na Fundação Titerefué (Quito, Equador), dirigida pela marionetista e dramaturga equatoriana Yolanda Navas. Com este grupo, desenvolve trabalhos solos com bonecos de luva. Em 2011, o grupo muda-se para Brasília e passa a ter no seu elenco a bonequeira, diretora e professora de teatro do Departamento de Artes Cênicas da Universidade de Brasília, Izabela Brochado, com a qual faz parceria em várias atividades e projetos do Laboratório de Teatro de Formas Animadas – LATA- UnB.
Adivinha, Adivinhão – foto- Lucas Rezende
Adivinha Adivinhão – Bonecos, cordel e repente contam causos populares, o espetáculo consiste em uma adaptação de um conto popular de Pedro Malasartes. A história mostra ao público o dia em que ele foi oferecer seus serviços de adivinho na fazenda do coronel Bocalarga e desvenda o mistério do sumiço das jóias preciosas. A montagem utiliza a técnica de bonecos de luva e a narrativa é inspirada na cultura popular do nordeste. Marco Augusto e Gabriel Calazans fazem a animação de bonecos e Alessandra Barros é a atriz em cena. Cia Voar Teatro de Bonecos está sediada no Gama, teve sua fundação em 2003, e em 2012 com nove anos de trabalho, conseguiu conquistar a honra de ter se apresentado em todos os estados brasileiros, uma meta atingida através de participações em importantes festivais e projetos de circulação. O grupo foi convidado para se apresentar na Espanha, México e Chile. Possui mais de 5 espetáculos em repertório.
Pra subir na vida” do Grupo Pirilampo – divulgação
“Pra subir na vida” traz as peripécias do palhaço Pipino e seu amigo Firula que tentam realizar o sonho de ganhar um milhão. O Grupo Pirilampo de Teatro de Bonecos e Atores existe desde 2001 e participa ativamente do movimento teatral brasiliense. Além dos espetáculos e oficinas que realiza, o grupo é parceiro-colaborador do Laboratório de Teatro de Formas Animadas da Universidade de Brasília, realizando estudo, pesquisa e extensão na área de Teatro de Animação. O grupo integra ainda a Associação Candanga de Teatro de Bonecos. Ao longo dessa trajetória, realizou 14 montagens teatrais, participou de mais de 17 edições de festivais de teatro de bonecos e atores pelo Brasil e na América Latina (Equador, México e Colômbia). Percorreu com circulação de espetáculos por todo o DF e entorno, e por vários municípios brasileiros nos Estados: Mato Grosso, Piauí, Maranhão, Goiás, Paraná e Minas Gerais.
Projeto Museu Itinerante de Bonecos
Criado na universidade de Brasília UnB em 2009 como ação de extensão do Lata- Laboratório de Teatro de Formas Animadas do Departamento de Artes Cênicas e do Decanato de Assuntos Comunitários. O acervo pertence aos professores IZabela Brochado e Kaiser Helena Ribeiro e aos grupos Trapusteros Teatro e Pirilampo de Teatro de Bonecos e Atores.
Técnicas presentes na Exposição
Luva – Possui a cabeça e as mãos feitas de material rígido, enquanto o restante do corpo é de tecido, confeccionado como uma luva. O bonequeiro insere sua mão na estrutura, movimentando a cabeça com o dedo indicador e os braços com o polegar e o médio. É uma técnica em que o boneco é animado de baixo para cima.
Marionete – Tipo de boneco movimentado por meio de fios ou cabos conectados em uma das extremidades ao corpo do boneco e, na outra, há uma estrutura de madeira (cruzeta) ou diretamente na mão do bonequeiro. A animação ocorre a partir dos movimentos da cruzeta ou manipulando diretamente os fios, sendo o boneco animado de cima para baixo.
Vara – Caracteriza-se pelo uso de varas (varetas ou varões) fixadas na estrutura do boneco. Essas varetas permitem que o manipulador mantenha uma certa distância do boneco, que geralmente é posicionado acima dele.
Balcão – Também conhecida como animação direta, nesta técnica o boneco é manipulado sobre uma mesa bancada ou balcão. Os bonequeiros permanecem à vista do público, no mesmo nível dos bonecos. A manipulação ocorre pelo contato direto com as partes do corpo do boneco ou por meio de pequenas hastes fixadas geralmente nas costas, na cabeça e nos membros superiores e inferiores.
Sombras – Consiste em manipular figuras diante de focos de luz, projetando suas sombras em uma tela ou outro aparato. As figuras de sombra chamadas de silhuetas ou bonecos de sombra, podem ser bidimensionais ou tridimensionais, articuláveis ou não.
Teatro de Bonecos
É uma das formas mais antigas de expressão artística e está presente em praticamente todas as culturas ao redor do mundo. Registros indicam que essa arte remonta há milhares de anos, sendo encontrada em civilizações como as pré-colombianas, a egípcia e a grega. Na Ásia, o teatro de bonecos é uma tradição muito importante com documentos que atestam sua existência há mais de dois mil anos, como as marionetes de fio na China e o teatro de sombras na Índia. No Brasil, há indícios de sua presença entre os grupos indígenas, habitantes originários do nosso território. Com a chegada de europeus e africanos, o teatro de boneco se diversificou originando tradições como o Mamulengo, o Babau, o João Redondo e o Cassimiro Coco que, em 2015, foram reconhecidos como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. O teatro de bonecos é uma ferramenta importante tanto para o entretenimento de crianças e adultos quanto para discussões político-sociais, devido à sua capacidade de criticar e satirizar,de forma lúdica e acessível. Os grupos de teatro de bonecos podem ser compostos por um ou mais bonequeiros, nome dado aos profissionais que trabalham com essa arte.