Iniciativa realizada no CEF Buriti Vermelho do Paranoá busca integrar teoria musical ao ensino de matemática

Por Bruno Grossi, Ascom/SEEDF

Uma iniciativa educacional vem demonstrando que o ensino de música pode ir além do desenvolvimento artístico, se tornando uma ferramenta eficaz para o aprendizado de matemática. Por meio de aulas interdisciplinares que unem teoria musical e matemática, os estudantes do Centro de Ensino Fundamental (CEF) Buriti Vermelho, localizado na zona rural do Paranoá, aprimoram suas habilidades em operações básicas de aritmética, como adição, subtração, multiplicação e divisão.

A metodologia do projeto Matemática e Música é simples e eficaz: usando elementos da teoria musical, como compassos, ritmos e subdivisões, os alunos são incentivados a compreender frações, padrões numéricos e relações proporcionais. Por exemplo, em uma aula sobre ritmo, os alunos aprendem a dividir tempos musicais, associando o conceito de frações a batidas e compassos.

“Os conceitos de tempo e duração em música são uma porta de entrada natural para o entendimento de frações e proporções,” explica o professor de matemática e criador do projeto, Marco Dourado. “A música na prática tem muita matemática. Depois de ensinar a eles a parte teórica da música, componentes, melodia, harmonia, ritmo e notação musical, trabalhamos com instrumentos percussivos adaptados com baldes e galões. Os alunos acompanham enquanto eu toco o trombone, aliando harmonia e melodia”, detalhou o docente.

Além de frações, a música também ajuda os alunos a desenvolver habilidades de adição e multiplicação ao trabalhar com os diferentes valores de notas musicais. Ao entender que uma nota semínima, que vale um tempo, é a soma de duas colcheias, os alunos têm a chance de exercitar somas e multiplicações de uma forma prática e contextualizada. “É uma maneira divertida de aprender matemática sem perceber,” comenta Marco.

Os resultados do projeto indicam que a interdisciplinaridade é uma poderosa aliada do aprendizado. Professores relatam que alunos com dificuldades em matemática mostraram avanços significativos ao aplicarem conceitos numéricos em um contexto musical, percebendo a matemática de forma mais concreta.

Transformação

Para a aluna Amanda Ferreira, de 11 anos, o aprendizado foi transformador. “Eu não fazia ideia que matemática tinha a ver com música, e achava matemática difícil, mas com as notas musicais, ficou mais fácil. Agora, sei dividir o tempo das músicas, as frações e os números”, contou a estudante.

Na avaliação da diretora da escola, Sybele Mendes, que também é professora de artes, essa união da arte com outras disciplinas promove um progresso na aprendizagem. A escola, que conta em média com 100 alunos do 6º ao 9º ano, oferece educação integral. Logo, os alunos entram às 7h30 da manhã e saem às 17h30, de segunda a sexta-feira.

“Além da parte acadêmica, que os alunos cursam pela manhã com todas as disciplinas regulares, no contraturno temos a parte flexível, quando eles fazem projetos relacionados com a base curricular, como o projeto Matemática e Música, criado neste ano”, explicou a diretora.

No projeto, além de aprender conceitos teóricos e práticos, os alunos constroem seus próprios instrumentos de percussão, como tambores feitos de baldes e latas, e executam diversas músicas com o acompanhamento do professor responsável. A estudante Jéssica Gomes, de 13 anos, participa do projeto e disse que aprendeu novos estilos musicais.

“Eu nunca tinha estudado música antes. Para mim, esse primeiro contato com a teoria musical foi muito legal, porque estou conhecendo mais sobre a música, como tocar instrumentos percussivos e novos ritmos musicais”, explicou Jéssica.

Educação em Tempo Integral

O projeto Matemática e Música foi um dos 25 projetos selecionados para compor a 1ª Mostra de Educação em Tempo Integral. As iniciativas que foram selecionadas por meio de edital de chamamento serão divulgadas semanalmente no site e no Instagram da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF). O objetivo é valorizar e incentivar a propagação dos melhores projetos das unidades escolares que ofertam a Educação em Tempo Integral (ETI).