Em ação ambiental, alunos do CED Agrourbano Ipê usam técnica japonesa para reflorestar área de nascente
Por Giordano Bazzo, Ascom/SEEDF
No coração do Distrito Federal, cerca de 160 estudantes da rede pública de ensino se reuniram nesta quarta-feira (11) para uma missão especial: lançar bombas – mas não as convencionais. Equipados com pequenas esferas de argila recheadas de sementes nativas, os alunos do Centro Educacional (CED) Agrourbano Ipê do Riacho Fundo II participaram de uma ação de regeneração do Cerrado na Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Granjas do Ipê.
A iniciativa faz parte da Gincana Primavera X, uma competição nacional virtual promovida pela ONG LiveLab em parceria com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico. O projeto visa formar líderes comunitários e estimular o protagonismo jovem na preservação dos recursos hídricos.
O método escolhido para o reflorestamento do Cerrado tem origem japonesa, como explica o professor de biologia e coordenador pedagógico do CED Agrourbano Ipê, Leonardo Hatano, que inclusive ministrou uma oficina sobre a técnica durante o VI Fórum Permanente de Educação Ambiental da Secretaria de Educação do DF em 2024.
“É uma técnica desenvolvida na década de 70 por um microbiologista de sobrenome Fukuoka. A bolinha de argila contém sementes de espécies nativas do Cerrado e um pouquinho de adubo“, detalha Hatano. “A argila vai proteger as sementes contra a predação e contra as tempestades. Quando começa a chover, a água umedece a argila, hidrata a semente, e ela nasce já em um ambiente um pouquinho melhor.”
A integrante da equipe técnica-pedagógica de Educação Ambiental da SEEDF, Roselei Camargo, ressalta a importância do Cerrado para o equilíbrio ambiental do país. “É o segundo bioma mais biodiverso do país e fundamental para a regulação do ciclo hidrológico, abrigando as nascentes das três maiores bacias da América do Sul: Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata“, destaca.
Estudo
O projeto vai além do plantio. Os estudantes mergulharam em um estudo completo sobre a microbacia do Lago Paranoá, visitaram nascentes e até desenvolveram uma pesquisa que rastreou o caminho de uma gota d’água desde a nascente do Ipê Coqueiros até o Oceano Atlântico, trabalho que foi premiado na etapa regional do 13º Circuito de Ciências.
Para a aluna Fátima Emanuele Rodrigues Nunes, de 12 anos, a experiência foi transformadora. “Todo mundo estava muito animado. A gente não sabia do que se tratava, mas ao longo do projeto, estudamos as bacias que tem por aqui no Combinado Agrourbano“, conta a estudante do 7º ano.
A consciência ambiental já está enraizada nos jovens participantes. Miguel Vieira da Nóbrega, de 12 anos, demonstra maturidade ao falar sobre a importância da preservação. “A gente vive com outras formas de vida, não é só a gente. E todas elas precisam de água, precisam de coisas que estão na natureza. Se a gente não preserva essas coisas que a gente precisa, a gente não vive“, destaca.