Evento reuniu nesta sexta (29) especialistas para refletir sobre o passado, presente e futuro do Cerrado
Por Bruno Grossi, Ascom/SEEDF
Nesta sexta-feira (29), a Biblioteca Nacional de Brasília se tornou palco para a culminância da 11ª edição das Jornadas do Patrimônio Cultural do Distrito Federal. Com o tema Cerrado: raízes, pegadas e percursos, o evento propôs uma imersão técnico-científica, educativa e cultural, destacando a importância do bioma Cerrado como parte da formação sociopolítica e cultural do Distrito Federal.
Organizadas pela Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF), por meio da Subsecretaria de Educação Inclusiva e Integral (Subin), as Jornadas foram instituídas no calendário oficial do DF pela Lei nº 5.080/2013. Em 2024, a programação incluiu oficinas regionais em São Sebastião, Taguatinga e Núcleo Bandeirante, envolvendo 44 participantes, entre professores e servidores da educação.
A diretora de Educação em Tempo Integral da SUBIN, Érica Soares destacou o trabalho conjunto realizado na Jornada do Patrimônio. “Essa iniciativa une três instituições para promover a consciência sobre a educação patrimonial e a conservação do patrimônio cultural de Brasília. A culminância que realizamos hoje é o fechamento de um ciclo de encontros regionalizados que desenvolvemos ao longo do ano com as 14 regionais de ensino, fortalecendo esse diálogo sobre os bens culturais da nossa cidade“, explicou Érica.
A ação é fruto de uma parceria com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) e as Coordenações Regionais de Ensino da SEEDF. O projeto busca promover a educação patrimonial e a preservação das referências culturais e ecológicas do Cerrado.
O tema das Jornadas de 2024 propõe uma reflexão sobre o Cerrado em três dimensões: sua ocupação humana ao longo de 10 mil anos, com diferentes formas de organização social; as transformações que o bioma sofreu e produziu nas relações humanas; e as possibilidades de futuro, considerando os desafios ambientais, sociais e econômicos que impactam o território de maneira desigual.
Jornada do Patrimônio
Durante o evento, Érica Soares também detalhou as atividades realizadas com os professores nas regionais de ensino. “Promovemos oficinas em quatro polos, onde os professores reconhecem o território, exploram o patrimônio local e criam percursos pedagógicos que podem ser aplicados nas escolas. Essas oficinas integram os territórios culturais, permitindo que estudantes conheçam espaços emblemáticos como o Múseu Nacional da República, o Memorial dos Povos Indígenas e o Catetinho“, destacou.
Érica comentou ainda sobre a relevância do desenvolvimento das ações de educação patrimonial. “Este ano, por exemplo, foi publicado o livro “Arqueologia e os Primeiros Habitantes do Distrito Federal” com apoio do Iphan, em parceria com o Instituto do Banco de Brasília (BRB), que custeou a publicação. Essa união de esforços entre diferentes entidades é fundamental para fortalecer a preservação do patrimônio e enriquecer a formação cultural de nossos estudantes”, afirmou Érica.
Livro “Arqueologia e os Primeiros Habitantes do Distrito Federal”
Parcerias
O subsecretário de Difusão e Diversidade Cultural da SECEC, Felipe Ramón ressaltou a essência interdisciplinar que marca Brasília desde sua fundação. “Brasília nasceu transversal, reunindo os maiores especialistas, das ciências exatas às artes visuais, para sua construção. O tombamento da cidade, no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, trouxe novos desafios para essa transversalidade, com sobreposições de tombamentos e registros de patrimônio material. Esse contexto reforça a importância da parceria entre o Iphan, a Secretaria de Educação e a Secretaria de Cultura”, explicou.
Para Felipe, essa cooperação é a essência da cidade e do trabalho pela preservação do patrimônio cultural. “Brasília foi fundada com base na colaboração entre diferentes setores. Essa cidade só existe porque pessoas de diversas áreas e correntes de pensamento se uniram em torno de um bem comum. É essa inspiração que nos move a trabalhar cada vez mais pela proteção e valorização do patrimônio cultural do Distrito Federal”, destacou.
O coordenador Técnico do Iphan DF, Maurício Goulart fez questão de agradecer às instituições parceiras pelo apoio essencial na execução das ações de preservação do patrimônio cultural do Distrito Federal. “Não se faz nada sem parceria, e já agradeço desde já à Secretaria de Cultura e à Secretaria de Educação pela colaboração de sempre. Apesar dos desafios, nossas equipes, valorosas e engajadas, não mediram esforços, criatividade e energia neste projeto”, afirmou Maurício.
Programação
Com início às 9h e encerramento às 18h30, a programação do dia inclui apresentações culturais, mesas de discussão e reflexões que abordam o Cerrado sob perspectivas históricas, ecológicas e sociais. A abertura foi marcada por uma apresentação do Trio Pé de Serra e pelas falas dos representantes das instituições parceiras.
Pela manhã os participantes puderam mergulhar nas histórias, transformações e possibilidades do Cerrado. A Mesa 1, intitulada “Raízes do Cerrado – viver antes de Brasília”, contou com explanações sobre a ocupação humana do bioma, que remonta a 10 mil anos. Já a Mesa 2, “Pegadas na terra vermelha – relações entre humanos e Cerrado”, discutiu a interação entre as transformações do ecossistema e a ação humana.
No período da tarde, a Mesa 3, “Percursos (im)possíveis – Futuros do Cerrado e de suas gentes”, encerra os debates com uma análise sobre as implicações da mudança climática, a exploração econômica e os desafios de conservação do bioma. O encerramento conta com o espetáculo teatral Maria das Alembranças, apresentado pela Casa Moringa.
Patrimônio cultural
As Jornadas do Patrimônio Cultural têm como principal objetivo sensibilizar a comunidade educativa e a sociedade para a riqueza e os desafios do Cerrado, fomentando memórias, identidades e ações preservacionistas. A escolha do tema “Cerrado: raízes, pegadas e percursos” evidencia a interconexão entre o passado, presente e futuro do bioma, destacando-o como elemento central na construção de um território sustentável e plural.