Ancestralidade, sentimentos humanos que a autora tenta entender, viagens e as cidades maravilhosas por onde passou, são alguns dos tema que compõem, o mosaico do livro “Eu, na medida de mim mesma: 88 crônicas fantásticas filhas da pandemia” (Editora LiteraturaBR, 202 páginas, R$ 30,00) da poeta e professora da UnB, Ana Rossi, que será lançado nesta quarta-feira, 8 de maio, das 18h às 20h, na Livraria do Chiquinho (ICC Norte, UnB).
Ana Rossi afirma que o livro, seu primeiro de prosa, surgiu no contexto da pandemia, no calor das noites e de nossas vidas trancafiadas durante meses. Segundo ela, surgiu, nesse período, a necessidade premente de voltar-se para o seu útero interno, e escrever crônicas fantásticas.
“O que me inspirou a escrever a obra foram as indagações sobre mim e sobre meu lugar no mundo. Para tanto é preciso foco e concentração. O período da pandemia foi esse momento de viver de maneira solitária, e ter condições para focar no meu processo de escrita sem interferências”, explicou a poeta, que também é tradutora.
O processo de criação – Ana Rossi diz que o sonho é matéria prima de suas crônicas, pois ao varrer espaços interiores e se conectar consigo mesma, ela faz o leitor sonhar.
“Meu processo criativo parte do mundo infinito dos sonhos, para esculpi-los por meio das palavras até se tornarem crônicas fantásticas literárias. Na caminhada humana, sonho e literatura andam juntos, pois literatura cura”, pontua.
Segundo a autora, há três movimentos que podem ser destacados nesse livro: o espaço onírico, a organicidade que o livro apresenta: passa-se das histórias mais longas às histórias menores com personagens interessantes e até engraçados, recolhidas em diferentes momentos, em diferentes cidades; e, por fim, o aspecto coletivo dos relatos, construídos no período da pandemia.
“Aos poucos, as crônicas foram sendo escritas durante as manhãs. Foi um processo interno muito forte que durou um ano”, revela Ana.
Divisão- Os temas abordados na obra são a ancestralidade a partir de uma busca de compreender quais as raízes e origens da autora, o que herdou, e o que fazer com essa herança, pois acredita que nem tudo o que herdamos deve ser incorporado às nossas vidas.
“No entanto, para tomar essa decisão, é preciso observar como essa herança impacta nossas vidas de maneira inconsciente para, em seguida, destrinchar o que é nosso, e o que não é. Os demais temas são as viagens e as cidades maravilhosas por onde vivi e andei. Também tratei dos sentimentos humanos que não julgo, mas que tento entender”, observa a professora.
Referências literárias- As referências literárias de Ana Rossi são brasileiras e da literatura mundial. Segundo ela, na poesia: Ferreira Gullar, Anna Akhmatova, Haroldo de Campos, Molière, Arthur Rimbaud, Charles Baudelaire, Jalal Dim Mahomet Rumi, Matsuo Bashô, Nicolás Guillén. E no romance: Fiodor Dostoievski, Nicolai Gogol, Maxime Gorki, Ivan Turgueniev, Jorge Amado, Clarice Lispector, Monteiro Lobato, Agatha Christie, Maurice Leblanc, Victor Hugo, Madame Lafayette e Émile Zola.
A autora- Ana Rossi é poeta e escritora brasileira criada na Bélgica. Começa sua carreira literária na França com “nous la mémoire”, “historiographies premières” e “éternels chemins éphémères”. Os temas de seus escritos em francês são exílio, memórias e nostalgia do Brasil numa busca linguística incessante para fazer o português cantar no francês. No Brasil, publica “eternos caminhos efêmeros” (2018), “eu, na medida de mim mesma” (2021), e os poemas de Miguel de Unamuno em português (2022), incorporando temas como ancestralidade e sentimentos humanos. Premiada no International Latino Book Awards (EUA, 2023), finalista do offlip literatura 2023.
Serviço:
O quê: Lançamento de “eu, na medida de mim mesma: 88 crônicas fantásticas filhas da pandemia”, de Ana Rossi
Onde: Livraria do Chiquinho (ICC Norte, UnB)
Quando: Quarta-feira, 08 de maio, das 18h às 20h
Informações: Instagram @by_anarossi