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Gestores culturais destacam novas centralidades e conexões nas políticas públicas durante Encontro Nacional

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O Ministério da Cultura (MinC) realizou, nesta segunda-feira (3), os painéis de abertura do 1º Encontro Nacional de Gestores da Rede Territórios da Cultura – 15 anos dos CEUs das Artes Tecendo Vínculos, em Brasília (DF). O evento reuniu representantes de todo o país em torno de um objetivo comum: fortalecer a gestão participativa dos equipamentos culturais e consolidar políticas públicas conectadas às realidades dos territórios.

O primeiro dia do encontro foi marcado pelos debates sobre o papel social dos centros culturais, o diálogo com as comunidades e a importância da escuta ativa na construção das políticas culturais.

Novas centralidades na gestão de equipamentos públicos culturais

O primeiro painel destacou experiências de gestão compartilhada e inclusão comunitária em equipamentos culturais de diferentes regiões do país. A mediação da mesa foi realizado pela coordenadora-geral de Articulação e Parcerias da Subsecretaria de Espaços e Equipamentos Culturais do MinC, Maria Carolina Prado.

A gestora do Galpão Bela Maré: Observatório de Favelas (RJ), Anna Luísa Oliveira, ressaltou o papel das mulheres negras na resistência cultural e na construção de uma curadoria comunitária que valoriza a diversidade e a acessibilidade.

“O processo de integração dos públicos desde a concepção do espaço garante a participação. Assim, o espaço cultural não fica desolado, mas vivo e pulsante com a presença da comunidade”, afirmou.

Representando o CEU das Artes de Vitória (ES), Jupiara Francisco Cruz Julio da Silva discursou sobre o impacto transformador do equipamento cultural no bairro São Pedro, antes marcado pela vulnerabilidade social.

“O CEU mudou toda uma região, de verdade. Mais do que ensinar um ofício, o essencial é ouvir — é fazer com que a pessoa entenda que ela tem o direito de fala”, salientou.

Já Marcos Levi Nunes, diretor do Centro Cultural Bom Jardim (CE), enfatizou a importância da gestão horizontal e da corresponsabilidade com o território: “Nós somos um centro cultural? Sim, mas um centro cultural de base comunitária.”

Por sua vez, Maria Carolina Prado pontuou sobre o papel da integração e do planejamento coletivo na sustentabilidade dessas experiências.

“O que todas as falas têm em comum é o planejamento, a integração e a resistência”, observou. A coordenadora-geral ainda completou: “É difícil praticar a democracia, porque ela exige escuta, tempo e diálogo — mas é o que garante o vínculo real entre comunidade e poder público”.

O debate reforçou que os equipamentos culturais são mais do que espaços físicos: são redes de convivência, aprendizado e transformação social. Entre os principais desafios apontados, estão a necessidade de sensibilizar gestores públicos sobre a importância da cultura, fortalecer redes colaborativas intersetoriais e ampliar práticas de escuta ativa e gestão participativa.

Conexões culturais das políticas públicas nos territórios

O segundo painel abordou o desafio de articular políticas públicas conectadas à diversidade dos territórios brasileiros. Mediado por Cecília Sá, subsecretária de Espaços e Equipamentos Culturais, o debate reuniu representantes do Ministério da Cultura e de outros órgãos federais para discutir temas como urbanização de favelas, Cultura Viva, territorialização das políticas culturais, bibliotecas comunitárias, economia criativa e direito às artes.

A assessora técnica da Coordenação-Geral de Articulação e Planejamento do Departamento de Regularização, Urbanização Integrada e Qualificação de Territórios Periféricos do Ministério das Cidades,Luana Alves de Melo, apresentou a criação da Secretaria Nacional de Periferias, voltada à urbanização de favelas e à promoção da cidadania nas margens urbanas. Ela destacou o programa Periferia Viva, que integra 17 ministérios.

“O presidente toma a decisão da criação dessa secretaria, que tem como atribuição cuidar da política de urbanização de favelas. O CEP para todos é um anúncio do programa Periferia Viva — e isso mostra a força da articulação que a gente vem construindo”, afirmou.

A diretora de Articulação e Governança da Secretaria de Articulação Federativa e Comitês de Cultura, Desiree Ramos Tozi, destacou o avanço da territorialização das políticas culturais e a necessidade de inverter a lógica centralizadora da política pública.

“A proposta é experimentar como seria fazer a territorialização das políticas culturais a partir do eixo da participação social. A história do Brasil é essa, de uma centralidade do governo federal emanando políticas — e a gente entende que é preciso reverter essa lógica”, completou.

A secretária de Cidadania e Diversidade Cultural, Márcia Rollemberg, reforçou a potência do Programa Cultura Viva como política comunitária e de base territorial, com presença em mais de 1.700 municípios:

“A base do Cultura Viva é uma base de território, porque é uma política que inclui o Brasil na sua totalidade. É uma política que inspira outros países e faz parte de um coletivo internacional”.

O diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas, Jeferson dos Santos Assumção, apresentou as novas diretrizes do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, que passa a reconhecer e integrar as bibliotecas comunitárias.

“Nós incluímos as bibliotecas comunitárias dentro do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, e essa é uma mudança muito grande. Precisamos pensar em bibliotecas vivas, que atuem como centros culturais e tenham ação direta nas comunidades”, declarou

Representando a Secretaria de Economia Criativa, o coordenador-geral André Lira salientou o território como eixo estratégico da nova Política Nacional de Economia Criativa.

“O território é o ambiente estratégico para que toda essa convergência de ações aconteça. Estamos desenvolvendo estratégias para criar índices e observar a maturidade de territórios criativos pelo país”, pontuou.

Já, a coordenadora de difusão regional da Fundação Nacional das Artes (Funarte), Lenine Guevara, apresentou a reestruturação da Fundação Nacional das Artes, agora guiada pelo princípio do direito às artes e pela territorialidade como condição essencial da criação.

“A existência do direito às artes é uma das premissas. A territorialidade aparece como condição essencial ao exercício de criação, expressão e fruição artística”, explicou.

Encerrando o painel, Cecília Sá destacou a importância da integração entre programas e agentes nos territórios, reforçando o convite para o Encontro Nacional de Programas e Comitês.

“Reunimos aqui todos esses programas para amarrar as dimensões da cultura — simbólica, econômica e cidadã. Procurem os agentes territoriais dos seus estados, dos seus lugares, das suas cidades”, finalizou

O debate reafirmou o compromisso do Governo Federal em fortalecer as periferias e democratizar o acesso à cultura, promovendo ações integradas entre ministérios e territórios. As falas evidenciaram o papel dos equipamentos culturais como ferramentas de transformação social e reconhecimento da diversidade brasileira, reforçando o caminho da gestão participativa e da articulação em rede.

Sobre o evento

O 1º Encontro Nacional de Gestores da Rede Territórios da Cultura – 15 anos dos CEUs segue até quarta-feira (5) com mesas, oficinas e rodas de conversa que celebram os 15 anos dos CEUs das Artes, espaços que se consolidaram como referências de convivência, formação e produção cultural em todo o Brasil.



Fonte: Ministério da Cultura

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