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Entre memória e luta: Margareth Menezes inaugura exposição sobre Luiza Bairros e participa de diálogo político-cultural

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A Fundação Cultural Palmares (FCP) é sede, a partir desta segunda-feira (24), da exposição Luiza Bairros: Lentes e Voz e pela roda de conversa Mulheres Negras na Cultura — por reparação e bem viver. A inauguração reuniu autoridades, pensadoras e lideranças de movimentos sociais para celebrar o legado de uma das figuras mais influentes da luta antirracista no Brasil.

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, destacou que homenagear Luiza Bairros é também abrir caminhos para novas gerações. “Essa exposição presta essa homenagem, mas muito mais: chama a atenção das novas gerações para se aproximarem e conhecerem”, afirmou. Para a titular da Pasta, mulheres como Luiza, “são majestades que sustentam a cultura negra brasileira e inspiram outras a seguir transformando o país”.

Idealizada pela Pró-Reitoria de Políticas Afirmativas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), a exposição foi lançada originalmente no Fórum 20 de Novembro de 2024. Em Brasília, ganha nova dimensão ao integrar a agenda da Marcha das Mulheres Negras, reforçando sua vocação pedagógica, política e sensível.

A mostra apresenta um panorama completo da vida e obra de Luiza Bairros, trazendo registros de sua atuação no movimento negro, sua presença na primeira Marcha Nacional das Mulheres Negras, além de fotografias, documentos, cronologias e depoimentos de pessoas que conviveram com ela. A curadoria é assinada por Martha Rosa, que define a exposição como “uma encruzilhada de memórias, lutas e projetos em sintonia com a trajetória da nossa ancestral”.

Ao apresentar o legado de Luiza Bairros, a curadora reforça que a exposição carrega uma missão: “que essa luta histórica chegue a mais e mais gerações de brasileiros de todas as raças e etnias”.

Fernanda Bairros, sobrinha de Luiza, lembrou que não representa apenas a família, mas também o projeto político construído pela ex-ministra. “Eu não sou só sobrinha de Luíza Bairros, eu sou fruto do projeto político construído por essa mulher”, salientou. Fernanda ressaltou o desejo de que a mostra alcance diferentes territórios e públicos: “que essa exposição corra para todos os territórios, para que o legado de Luiza continue inspirando novas gerações”.

O presidente da Fundação Palmares, João Jorge Rodrigues, reforçou a importância da homenagem em pleno Novembro Negro. “Recebemos na Casa da Palmares as principais personalidades de mulheres negras deste país para celebrar uma importante liderança do movimento negro brasileiro”.

A ministra da Igualdade Racial, Aniele Franco, destacou a potência coletiva da Marcha e da memória. “Todas as vezes que tentam nos aniquilar, o povo negro resiste. Permaneceremos lutando em marcha por Luiza, por Sueli, por Conceição, por Margareth, por Marielle”.

Para a filósofa Sueli Carneiro, a exposição não é apenas rememoração de Luiza, mas “manter vivo o legado de suas ideias, de sua inteligência e bravura”.

Na ocasião, também foi lançada a versão impressa do caderno institucional do Cultura Negra Vive, que está disponível para consulta neste link.

Roda de conversa reforça potência política, ancestral e cultural das mulheres negras

A roda de conversa Mulheres Negras na Cultura — por Reparação e Bem Viver aconteceu logo após a inauguração, reunindo representatividade, memória e o compromisso coletivo de mais de cem mil mulheres que chegam a Brasília para a Marcha. O encontro destacou que a força das mulheres negras atravessa gerações e sustenta a construção do país — da política às artes, da militância à formulação de políticas públicas.

Margareth Menezes trouxe um chamado direto e afetivo ao direito de existir plenamente. “Direito de existir, direito de ser do jeito que a gente é, direito de manter nosso cabelo e fazer dele o que a gente quiser. Não adianta nos matar, porque a gente vai nascer cada vez mais forte”, enfatizou. E completou: “nosso discurso é de reparação. Um Brasil com justiça será talvez um dos melhores do mundo pra se viver. Vamos reivindicar aquilo que é justo: sermos vistas, respeitadas”.

Mediando a conversa, a secretária de Articulação Federativa E Comitês de Cultura do MinC, Roberta Martins, sintetizou esse horizonte. “Nosso compromisso é garantir que nossas vozes sejam escutadas, que nossas perspectivas orientem políticas públicas e que mulheres negras sejam priorizadas. Quando uma mulher negra avança, o Brasil inteiro se move”.

Por sua vez, Sueli Carneiro reforçou a centralidade do bem viver. “A perspectiva do bem-viver é a nossa contribuição para o olhar que é fundamental para enxergar a sociedade brasileira. Reparação e bem-viver precisam estar conjugadas em todas as políticas públicas”.

A roda também destacou a arte como campo de disputa, cura, memória e reinvenção — especialmente para corpos negros que enfrentam violência e tentativas históricas de silenciamento.

A escritora Conceição Evaristo sublinhou essa força criadora. “Quem pensa que a gente tá só dançando ou cantando é porque não prestou atenção no que dizem nossas músicas e nossos corpos. A cultura é uma estratégia política que a gente usa. É um lugar fecundante, onde criamos até mesmo a identidade nacional”, pontuou.

A fala de Érika Matheus Silva dos Santos, representante do Comitê Nacional da Marcha, reforçou o papel da cultura na própria existência. “A cultura não é só expressão, é lugar de disputa de identidade, sociabilidade, política e vida. Se hoje, como mulher trans negra, estou aqui, é porque outras seguraram esse país pra que eu não fosse estatística”, explicou.

“Nós, mulheres, temos pouco acesso às artes e às culturas. As mulheres percussivas ganham menos, são menos chamadas. Fazer política negra é incorporar diferentes linguagens”, concluiu a curadora Martha Rosa.

Também estiveram presente no debate Veronica Lima, deputada estudual do Rio de Janeiro; Vanessa da Rosa, vereadora de Joinville (SC); Reginete Bispo, deputada federal do Rio Grande do Sul; e Zuleide Queiroz, deputada estadual do Ceará.



Fonte: Ministério da Cultura

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