A ampliação do acesso à arte e o fortalecimento das ações de preservação do patrimônio cultural e artístico são princípios que norteiam as políticas públicas promovidas pelo Ministério da Cultura (MinC) em todo o país. Em sintonia com esse objetivo, um projeto de Vitória (ES) está transformando uma coleção privada em um acervo digital aberto ao público.
Contemplada pelos editais de 2024 da Secretaria de Estado da Cultura, com recursos do Funcultura e da Política Nacional Aldir Blanc — coordenada pelo MinC, a iniciativa está catalogando e digitalizando mais de 200 obras, entre pinturas, gravuras, desenhos, fotografias e esculturas, que serão inseridas na Midiateca Capixaba, desenvolvida pelo Governo do Estado e baseada na plataforma Tainacan, criada em parceria com o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e o MinC.
“Nosso projeto, que recebeu o nome de Acervo RDA, em referência ao colecionador Ronaldo Domingues de Almeida, tem o propósito de provocar reflexão e debate sobre a dimensão social das coleções de arte privadas. O foco está na preservação do riquíssimo patrimônio artístico e cultural representado por esse acervo, em especial para a sociedade capixaba. No entanto, o compartilhamento das obras é fundamental. Os acervos digitais são instrumentos eficazes de democratização cultural e de fortalecimento da memória coletiva”, destaca a jornalista e coordenadora do projeto, Adriana Machado.
Para o colecionador, juiz e bacharel em Artes pela Universidade Federal do Espírito Santo, a ação é também um exemplo de como o investimento público pode estimular o mercado e o reconhecimento dos artistas brasileiros. “Espero que a divulgação da coleção de forma pública e ampla, por meio de fomento estatal, inspire outros colecionadores a investir em artistas capixabas, estimulando a produção e a promoção da arte no Espírito Santo. A divulgação do acervo também contribui para dar a dimensão social que toda propriedade privada precisa alcançar”, afirma Ronaldo Domingues de Almeida.
Com o apoio da Política Nacional Aldir Blanc e a inserção do Acervo RDA na Midiateca Capixaba, o material poderá ser amplamente utilizado em processos educacionais e pesquisas, servindo de fonte para novos estudiosos e profissionais. A plataforma, que conta com tecnologia de acessibilidade baseada em inteligência artificial, assegura que o conteúdo seja acessível a diversos públicos — um dos pilares das políticas de inclusão cultural do MinC.
O acervo reúne um amplo panorama da arte moderna e contemporânea capixaba, com obras de nomes como Augusto Herkenhoff, Homero Massena, Levino Fânzeres, Álvaro Conde, Andreia Falqueto, Regina Chulam, Dionísio Del Santo, Hilal Sami Hilal, entre outros artistas emergentes. Também compõem a coleção obras de artistas nacionais e internacionais reconhecidos, como Amilcar de Castro, Prozak, Antônio Poteiro, Selma Weismann, Tomie Ohtake, Cildo Meireles, Carybé e Alex Vallauri.
A coleção inclui ainda peças representativas da cultura popular, com destaque para produções do Vale do Jequitinhonha, assinadas por artistas como Dona Izabel Mendes da Cunha, Alice Ribeiro e Ulisses Mendes. Do Espírito Santo, integra o acervo uma das raras panelas de Dona Antonia, de São Mateus.
O processo de catalogação segue padrões nacionais de museologia e documentação cultural, alinhados às diretrizes do MinC. De acordo com a museóloga Flávia Fernandes, “o inventário inclui fichas catalográficas baseadas no Modelo de Documentação Museológica do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), além de seguir os padrões de inserção na Plataforma Tainacan para a Midiateca Capixaba”.
A digitalização do acervo está sob responsabilidade do fotógrafo Sérgio Cardoso. “O maior desafio é reproduzir fielmente as cores originais de cada obra fotografada. Por isso utilizo o colorchecker. Mesmo quem nunca viu o quadro saberá qual é a cor real da obra”, explica.
Incentivo ao mercado capixaba e à democratização da arte
A coordenação do projeto busca promover a “deselitização” da arte e incentivar o reuso do acervo digital, alinhando-se à política nacional de cultura que estimula o acesso, a diversidade e a circulação de bens culturais. Estão previstas visitas monitoradas à residência do colecionador e, como etapa final, uma mostra do acervo no Museu de Arte do Espírito Santo (MAES), de janeiro a maio de 2026, além de uma apresentação pública do projeto seguida de debate, em data a ser definida.
A expectativa é que a iniciativa sirva de inspiração para que outros colecionadores compartilhem seus acervos, ampliando o patrimônio artístico e histórico acessível à sociedade capixaba. “Acreditamos que o projeto resultará em futuras ações”, reforça Adriana Machado.
A execução do projeto “Preservação e Difusão do Acervo Ronaldo Domingues de Almeida na Midiateca Capixaba” pode ser acompanhada pelo perfil @AcervoRDA, no Instagram. Contatos também podem ser feitos pelo e-mail [email protected].
Com informações de Assessoria do Projeto Acervo RDA
Fonte: Ministério da Cultura