No Dia Nacional da Biblioteca, a SEEDF destaca a importância da promoção do conhecimento e compreensão
Por Andressa Rios, Ascom/SEEDF
Em comemoração ao Dia Nacional da Biblioteca (9/4), a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF) desenvolve diversas ações de incentivo à leitura nas escolas da rede pública de ensino. Uma delas é o projeto “Amigo Leitor”, da Escola Classe Kanegae, no Riacho Fundo I, que promove leituras entre pares com estudantes do 1º e 5º ano. Na ação, o aluno que possui mais facilidade para leitura auxilia àquele com mais dificuldade. Ao todo, as crianças leem 22 livros anualmente só durante esses encontros.
O “Amigo Leitor” visa a desenvolver e despertar valores como os de solidariedade, responsabilidade e cumplicidade nos alunos. Além de ampliar o vocabulário e o contato com livros diversos, tendo a leitura como referência para a promoção da aprendizagem. Paralelo à sala de leitura, o encontro acontece semanalmente, às quintas-feiras, e dura 45 minutos.
A diretora da EC Kanegae, Schirley Rocha, é pioneira nesse projeto, que funciona na escola desde 2016. Ela explica que inicialmente é realizado um sorteio, e os estudantes ficam na expectativa de quem será o coleguinha que irão conhecer. Ademais, a diretora destaca: “Esse projeto desperta várias potencialidades, desde a questão da autonomia, solidariedade e gosto pela leitura, além de impactar no futuro desses estudantes, até mesmo na escolha da profissão. Esse é o momento em que eles estão sendo protagonistas. Nessa etapa, eles viram professores dos colegas”.
Livros como Chapeuzinho Vermelho, O Cavalo, o Caçador e o Cervo, Era Uma Vez Duas Avós, Mogli, o Menino Lobo estão entre os escolhidos da garotada. A escola busca desenvolver estratégias de leitura, estimulando os alunos a perceber a compreensão como prática social, na qual todos podem dialogar e construir-se mutuamente, somando conhecimentos. É o caso dos estudantes Humberto Bryan de Souza, de dez anos, do 5º ano, e Eduardo Cardoso, de seis anos, do 1º ano. O mais velho é apaixonado por livros e pela leitura.
Ele enfatiza: “Minha mãe me contou que quando ela era pequena, sempre que estava com tédio, ela ia à biblioteca pegar um livro para ler. Aí eu puxei a ela, agora eu já leio livros de 120, 220 páginas. Acho que é importante saber ler, eu ajudo o Eduardo para quando ele for maior, arrumar um emprego top! Os livros vão te dar conhecimento, e isso ninguém rouba de você. Podem roubar seu carro, mas com o seu conhecimento, você pode ir lá e comprar outro carro”.
O estudante mostrou-se apaixonado por livros como Moby Dick, As Aventuras de Tom Sawyer ou livros de “Capitão”. As professoras Tamara Barbosa, do 5º ano, e Karyne Fernandes, do 1º ano, demonstraram imenso orgulho dos alunos. Karyne destaca: “esse projeto puxa um pouco para o lado da afetividade, pois eles interagem uns com os outros. Essa questão da leitura em dupla, ainda mais os pequenos com os maiores, tiram eles daquela rotina de sentar numa carteira para ler algo. Aqui é mais livre, mais espontâneo, auxilia na criatividade, na imaginação, porque uma criança tem muita história e cultura para mostrar”.
Ao final, os estudantes preenchem um relatório para dizer o que aprenderam na leitura. Eles descrevem o lugar no qual ocorreu a história, desenham a cena do ambiente relatado, e o relatório muda, conforme o encontro acontece.
Dia Nacional da Biblioteca
A SEEDF tem o total de 656 bibliotecas escolares e oito bibliotecas escolares comunitárias, localizadas em Brazlândia, Ceilândia, Guará, Planaltina, Asa Sul, Sobradinho e Taguatinga. Mas essa história começou há muitos anos… As primeiras bibliotecas brasileiras surgiram e foram organizadas pelos jesuítas, que trouxeram livros para o Brasil no período colonial, com o objetivo de evangelizar e catequizar índios e colonos, conforme Milanesi (1993).
No entanto, devido à escassez de obras disponíveis, eles solicitavam mais livros à corte portuguesa, e assim foram chegando diversos gêneros para continuar a instrução dos colonos e dos índios e o aperfeiçoamento dos mestres, como afirma Moraes (2006, p. 7).
Com o abastecimento de livros, os jesuítas, ao final do século XVI, já haviam criado uma biblioteca em cada um de seus colégios, nas cidades de Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. Segundo Silva e Bortolin (2006, p. 39), essas bibliotecas dos colégios e conventos foram as principais instituições formadoras da elite brasileira daquela época.
Dentre as bibliotecas criadas, destaca-se nesse período a de Salvador, que surgiu em 1811, ou seja, a primeira biblioteca pública do Brasil (MILANESI, 1993, p. 25). Com a chegada ao Rio de Janeiro da Família Real e do governo Português em 1808, houve uma mudança na situação das bibliotecas no Brasil.
De acordo com Silva e Bortolin (2006), graças à liberação da imprensa, proibida no Brasil desde o início da colonização, criou-se a Imprensa Régia para a confecção dos documentos do governo, como: cartazes, sermões, folhetos e outros mais.
O rei também trouxe a Biblioteca Real, formada por milhares de livros – manuscritos e documentos da coroa. Tal acervo foi instalado, primeiramente, no Hospital da Ordem Terceira do Carmo, na cidade do Rio de Janeiro, sendo inaugurado em 1811, com cerca de 60 mil volumes. Inicialmente, a consulta era permitida apenas aos estudiosos, vindo a ser aberta ao público somente em 1814. Logo após a Independência, foi anexada ao patrimônio público brasileiro e passou a ser chamada de Biblioteca Nacional.