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Memorial indígena defende conscientização para celebrar data

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Texto: Alexandre Freire. Edição: Lúcio Flávio (Ascom Secec). Foto no carrossel: Caio Marins

O Memorial dos Povos Indígenas (MPI) preparou um evento para o próximo final de semana para comemorar o Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado hoje, 9 de agosto. A data, criada em 1994 pela Organização das Nações Unidas (ONU), lembra a primeira reunião do grupo de trabalho da organização sobre povos indígenas, ocorrida em 1982.

“Contação de histórias, brincadeiras, palestras e rodas de conversa” terá às 14h30 atividade voltada para as crianças. Com o tema “histórias da natureza”, apresentará contos tradicionais sobre a relação dos povos originários com a natureza, incluindo uma brincadeira sobre receber ensinamentos dos animais. Às 15h30, está programada conversa voltada ao público adulto sobre as memórias de resistência dos povos indígenas.

“Hoje é um dia especial para nós porque faz parte de nossos objetivos fomentar a noção de que somos uma civilização antiga, que o Brasil tem uma cultura ancestral muito rica, e o território do Distrito Federal é uma morada dessas populações antes mesmo da construção de Brasília”, afirma o subsecretário de Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Felipe Ramón.

Desrespeito

Segundo o gerente do MPI, David Terena, desta etnia, o saber e a cultura indígena são de grande relevância para a formação do povo brasileiro, e o direito dos indígenas está na Constituição. “Mas ainda há desrespeito. São irrefutáveis nossa presença, nossas manifestações culturais e conhecimentos”, diz ele.

Um dos organizadores do encontro, Mirim Ju Yan, do povo guarani, nascido em São Paulo, lembra que em Brasília há cerca de 5 mil indígenas, parte deles ocupantes do local antes criação da capital. “Ainda hoje a gente encontra muitas dificuldades de inclusão no mercado de trabalho e no acesso a alimentação, moradia e saúde”, afirma.

Mirim, estudante de geografia na Universidade de Brasília (UnB), pretende levantar esse debate no encontro de sábado. “Vamos levar e compartilhar um pouco de nossos saberes para esclarecer e desmistificar quem somos nós, povos indígenas, e combater a violência e o preconceito que ainda existem”.

Marco temporal

Ele critica a votação no Senado, depois de aprovado na Câmara, do projeto do marco temporal, que restringe a demarcação de terras indígenas àquelas já tradicionalmente ocupadas pelos povos originários na promulgação da Constituição de 1988. O Supremo Tribunal Federal está julgando a constitucionalidade da tese, numa ação paralela ao processo que corre no Poder Legislativo.

“Isso é arbitrário e inconstitucional porque nosso direito é originário. Muita violência, muito roubo de terra e expulsão dos povos indígenas de seus territórios já aconteceram. Querem rever terras já demarcadas e impedir novas demarcações”, denuncia o representante dos povos originários.

“A gente sabe da importância dos povos indígenas na preservação dos biomas e do ecossistema do Brasil e do mundo. 80% da preservação se dão pelos povos indígenas em seus territórios”, relembra. “Terras indígenas não são só terras de gente, mas de plantas, animais e rios. Da vida e da continuidade da vida”, conclui o guarani.

Assassinatos

Kamuu Dan Wapichana, do povo encrustado em seu sobrenome, defende que o 9 de agosto seja um dia de memória. “A partir de colonização das Américas, mais de 70 milhões de indígenas foram assassinados. Não é possível que uma sociedade que se diz avançada ainda não nos entenda. Em qualquer lugar do mundo onde os povos indígenas habitam, habita a vida também”. Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta população originária de 1.693.535 pessoas, 0,83% do total de habitantes do país.

“Temos uma emergência climática que vai trazer muitos transtornos e um desequilíbrio muito grande. As pessoas ainda não entenderam e só vão perceber quando sofrerem as consequências desse processo de destruição”, alerta.

Kamuu Dan Wapichana (Filho do Sol), nasceu em Boa Vista (RR) e mora no DF desde 2007. É escritor, contador de histórias, educador socioambiental popular, permacultor (projetista de ambientes sustentáveis), estudante do curso de Gestão Ambiental na UnB e servidor da Fundação Nacional do Índio. Foi premiado três vezes pelo Concurso Tamoio para escritores indígenas.Tem quatro livros publicados – “O sopro da Vida”; “Presente de Makunaimã”, “A origem das águas do Planalto Central” e “Ciranda da Roça”.

Serviço

“Contação de histórias, brincadeiras, palestras e rodas de conversa”

12/08

Histórias da Natureza (para público infantil), 14h30

Histórias de Resistência (público adulto), 15h30

Entrada gratuita

Assessoria de Comunicação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Ascom/Secec)

E-mail: comunicaçã[email protected]

Fonte: SECEC

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