
Nascida e criada em Brasília, Ana Beatriz foi o primeiro bebê da superquadra 303 Sul. Beatriz virou Beatize, depois Tize, como ela mesma se nomeia ao longo da vida. Anarquista inata, construiu sólida formação acadêmica na Universidade de Brasília, onde se graduou em Comunicação Social, tornou-se mestre em Arte e Tecnologia da Imagem e doutora em Comunicação Social. Atuou como professora do Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes da UnB até se aposentar precocemente em decorrência de um grave acidente que a deixou com hemiplegia espástica e desatenção.
Refloresta nasce do desejo de compartilhar uma experiência radical. No livro, Ana Beatriz narra o acidente vascular cerebral de grandes proporções que a levou a dias entre a vida e a morte, em coma induzido, e o retorno à consciência. A partir dessa vivência extrema, a autora constrói uma narrativa polifônica, imagética e não linear, entrelaçando memória, pensamento mágico, ciência, arte e espiritualidade cotidiana.
“Quis escrever esse livro para contar às pessoas como foi viver uma experiência de quase morte, voltar à vida e ir me adaptando à minha nova condição para viver bem numa sociedade hostil à diversidade orgânica e natural da existência”, afirma Ana. Para ela, compartilhar a própria história é também um gesto de encontro. “Acho que todos já passaram por momentos extremos. Temos algo em comum. Contar como foi comigo e ouvir como foi com o outro é fortalecedor. Sobrevivemos às reviravoltas.”
O título Refloresta funciona como metáfora e chamado à ação. A autora relaciona o processo de recuperação cerebral à ideia de floresta viva, caótica e interligada. “O neurônio parece uma mini árvore elétrica, enraizada pelas pontas a outros neurônios. A rede neuronal se parece com uma floresta, com raízes comunicantes no subsolo. Perdi muita massa encefálica naquele acidente e pude observar, em mim mesma, o processo da autopoiése e da neuroplasticidade, que é tão caótico quanto uma floresta vista por um ser excessivamente civilizado.”
Ao longo da obra, temas como saúde, sonhos, consciência, inteligência coletiva, acolhimento, rejeição, forças psicológicas e sociais, neurofeedback, hipnose, capoeira e destino atravessam o texto, compondo um mosaico sensível sobre existir, resistir e se refazer. “Reflorestar-se é um gesto individual e coletivo. Enquanto me refloresto, convido outras pessoas a se reflorestarem também. Juntos, podemos reflorestar a terra”, resume a autora.
Com trajetória reconhecida também nas artes visuais, Ana Beatriz é vencedora do Prêmio Sesc de Pintura em Tela Cândido Portinari 2017, com a obra Eros, e recebeu pequeno bronze no Salão de Pintura de Embu das Artes em 2015, com Pássaro-esperança. Publicou anteriormente Poética em Processo, Origem da Arte Comunicacional e Oráculo das Cartas Incertas. Atualmente, estuda dança e literatura de forma informal, mantendo pesquisa artística contínua.
O lançamento de Refloresta é um convite aberto ao encontro, à escuta e à celebração da vida que insiste em pulsar, mesmo após rupturas profundas.
Serviço:
Lançamento do livro Refloresta, de Ana Beatriz Barroso
Data: sexta-feira, 19 de dezembro
Horário: das 17h às 20h
Local: Sebinho (406 Norte, Bloco C)
Mais informações: https://beijodecor.blogspot.com

