“Quando abri os olhos, não percebi de imediato que eram a minha imagem e a da Esméria paradas na nossa frente. Eu já tinha me visto nas águas de rios e de lagos, mas nunca com tanta nitidez”. A narrativa Kehinde, marcada por passagens de traumas e superações, compõe o enredo de Um Defeito da Cor, obra que dá o tom à megaexposição de mesmo nome, aberta ao público desde o dia 6 de novembro no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), em Salvador. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, esteve junto à uma comitiva da Pasta na mostra na manhã deste sábado (25).
“Vale a pena vir aqui visitar, refletir sobre nossa real história, conhecer. Vi aqui crianças e jovens. Isso é importante e necessário”, afirmou a chefe da Cultura. A exposição baseada na obra de Ana Maria Gonçalves está dividida em dez ambientes que ensaiam os dez capítulos do livro. São cerca de 370 obras de arte, entre desenhos, pinturas, vídeos, esculturas e instalações de mais de 100 artistas nacionais. Entre eles, representantes da Bahia, Rio de Janeiro e Maranhão e dos continentes africano e americano.
O presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), João Jorge, também presente na visita, destacou que as obras contam a história da escravidão africana e seus impactos no Brasil. Com nomes fundamentais à história e às tradições do povo negro. Entre as obras, uma se sobressaiu. “Os tecidos são a escrita não alfabetizada. Existem 96 escritas desse jeito”, pontuou João ao apontar um painel de tecidos com figuras que simbolizam a organização e a troca de escravizados.
“Dificuldades de comunicação. A exposição mostra que isso também foi um processo de resistência. Todos os anos houve insurgência, mas ainda assim ocorreu essa troca”, destacou Jamile Coelho, diretora do Muncab. Ao lado de Cíntia Maria, também diretora, ela guiou a vista da ministra aos espaços da exposição.
Os ambientes passam por temas como o feminino, povos originários, a relação com a natureza, manifestações religiosas, ancestralidade e a reestruturação da história que se conta sobre a escravidão – na África e no Brasil.
Durante a visita ao Muncab, a ministra tirou fotos com estudantes de Candeias, que estiveram num museu pela primeira vez.
Fonte: Ministério da Cultura