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Teatro Baccarelli: ministra da Cultura visita primeira sala de concertos dentro de uma favela no mundo

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A ministra da Cultura, Margareth Menezes, visitou nesta sexta-feira (12) o Teatro Baccarelli, primeira sala de concertos instalada dentro de uma favela no mundo, localizada em Heliópolis, na zona sul de São Paulo. O equipamento cultural, inaugurado em novembro, recebeu R$ 35,3 milhões autorizados pelo Ministério da Cultura (MinC) via Lei Rouanet, além de outros investimentos públicos e privados que viabilizaram a construção do espaço.

Com 1,3 mil metros quadrados de área construída e mais de 500 lugares, o Teatro Baccarelli passa a sediar a Orquestra Sinfônica Heliópolis e a abrigar uma programação diversa, que inclui óperas, espetáculos teatrais e exibição de filmes. Somente entre 2022 e 2025, o Instituto Baccarelli captou mais de R$ 72 milhões por meio da Lei Rouanet para dar continuidade às atividades artísticas e pedagógicas da instituição.

A titular da Pasta comentou o papel ampliado da Lei Rouanet, que agora alcança territórios antes excluídos: “a Lei Rouanet, que transforma tantas pessoas hoje no país inteiro. Agora ela financia organizações que qualificam a economia criativa da cultura dos territórios”. Margareth Menezes ainda reforçou o compromisso do governo federal com políticas de justiça social, reparação histórica e expansão do acesso à cultura, dizendo que atualmente “as políticas culturais têm outra dimensão”.

Durante a visita, acompanhada pelo CEO do Instituto Baccarelli, Edilson Ventureli, a ministra percorreu diferentes ambientes do prédio, conhecendo de perto o trabalho formativo desenvolvido com crianças, adolescentes e jovens da comunidade. A comitiva passou pela sala de musicalização infantil e pelas salas de ensaio dos corais.

Em conversa com os jovens do Instituto, a ministra enfatizou que a arte floresce quando existem oportunidades, incentivo e uma rede que acredita no potencial das pessoas. “Cada um tem o seu talento, mas para materializar é preciso ter essa grande rede de apoio de quem acredita também”, explicou. “Cultura e arte não é só um enfeite. Não, ela é um campo de luta, de sobrevivência”, acrescentou.

A agenda terminou no teatro, onde a Orquestra Sinfônica Heliópolis e o Coral Jovem Heliópolis realizaram uma apresentação especial para celebrar o novo equipamento cultural e para homenagear a ministra.

O Teatro Baccarelli se consolida como um símbolo do impacto da política cultural quando aliada a investimentos públicos, inovação e à potência criativa dos territórios periféricos — reforçando o compromisso do MinC com o acesso à cultura, à formação artística e à transformação social.

Edilson Ventureli relembrou a origem da instituição, fundada após o incêndio que atingiu Heliópolis em 1996. Sensibilizado, o maestro Silvio Baccarelli procurou uma escola local e iniciou o projeto com 30 crianças. Atualmente, mais de 1.650 jovens são atendidos.

O CEO destacou como o trabalho mudou a forma como a comunidade é vista. “Heliópolis continua nas páginas dos jornais. Só que agora não mais na página de polícia, mas na página de cultura. Não mais falando das mazelas da nossa comunidade, mas sim da riqueza e do talento dos nossos filhos”, pontuou. Ventureli também ressaltou o papel transformador da arte na autoestima das crianças: “Através da arte, a gente passa a acreditar no nosso potencial, a gente passa a acreditar nos nossos sonhos e daí pra frente o mundo é nosso”.

Vozes que dão sentido à política cultural

Além das autoridades, a visita ao Teatro Baccarelli foi marcada pelos depoimentos de alunos do Instituto, que traduzem, na prática, o impacto da política cultural no território.

Integrante do Coral Jovem Heliópolis e da Orquestra Juvenil de Heliópolis, Graziele Souto iniciou sua trajetória no Instituto Baccarelli aos seis anos de idade e celebrou as conquistas construídas ao longo dos anos. Para ela, a chegada do teatro representa uma virada histórica para a comunidade: “Ter o Teatro Baccarelli aqui em Heliópolis é uma coisa assim inovadora pra mim. Acredito que isso vai ser muito positivo pra todas as crianças aqui do Baccarelli”.

Graziele também relembrou experiências marcantes em grandes palcos e projetou o impacto do novo espaço na vida das crianças e de suas famílias. “Pra mim foi muito realizador. Vai ser algo transformador na vida delas. Vai ser uma experiência fantástica”, definiu.

Com duas décadas de trajetória no Instituto, Ramon, de 26 anos, destacou a importância do Baccarelli não apenas em sua formação, mas também na de toda a sua família. “Eu sou extremamente grato ao Instituto Baccarelli por tudo que ele forneceu na minha vida, eu e minha família também é grata”, declarou.

Ramon começou no coral, passou pela flauta transversal e se dedicou ao canto lírico, o que lhe abriu portas para óperas e eventos fora da instituição: “Com a experiência que eu adquiri nesse tempo, eu consegui fazer óperas aqui fora do instituto, consegui fazer outros eventos graças ao Instituto Baccarelli, que é muito importante pro nosso desenvolvimento”.

Ao falar do novo teatro, ele também destacou a transformação física e simbólica do espaço: “Eu tava aqui desde quando tudo era só um terreno baldio e hoje é um prédio imenso, com o teatro, que vai ser muito importante não só pro instituto, mas também pra comunidade em volta”, concluiu.

Já Bárbara Viana, de 23 anos, integrante do Coral Jovem Heliópolis, entrou no Instituto aos oito anos e definiu o Baccarelli como determinante para sua trajetória pessoal e artística. “A música, e principalmente o Baccarelli, transformou minha vida, ela me faz ser uma pessoa melhor”, afirmou.

Ela também celebrou a oportunidade de ocupar espaços históricos da cultura brasileira, como a Sala São Paulo e o Theatro Municipal. Sobre o novo teatro, Bárbara falou com emoção sobre a realização de um sonho coletivo:

“A nossa casa agora tá completa. A gente sempre teve esse sonho desde pequeno de construir o teatro e agora ele realmente tá aqui. É surreal”, finalizou.



Fonte: Ministério da Cultura

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