A Secretaria de Economia Criativa do Ministério da Cultura (MinC) realizou, nessa terça-feira (18), em Brasília, o Seminário Brasil Criativo, um encontro que reuniu gestores públicos, representantes da sociedade civil, pesquisadores e instituições culturais para debater os rumos da economia criativa no país. Com apenas cinco meses de existência, a nova Secretaria promoveu seu primeiro espaço nacional de debate com o objetivo de consolidar diretrizes para o Plano Nacional de Economia Criativa – Brasil Criativo, além de aprofundar a discussão sobre a proposta do Programa Nacional Aldir Blanc de Apoio à Economia Criativa.
A abertura foi conduzida pela secretária de Economia Criativa, Cláudia Leitão, que apresentou um panorama da economia criativa no Brasil e no mundo e destacou a centralidade do tema para o desenvolvimento do país. “É muito simbólico estarmos reunidos para tratar de um tema que, no mundo inteiro, já é entendido como uma qualidade essencial do desenvolvimento: a criatividade como força estruturante de um país”, afirmou.
Cláudia reforçou que políticas de economia criativa exigem visão sistêmica e financiamento consistente. “Não há política pública sem financiamento. Não podemos chegar aos territórios apenas com discurso; precisamos chegar com investimento real, com legitimidade. Queremos passos prudentes, mas firmes, na construção do Brasil Criativo”, destacou.
Ao apresentar o contexto internacional, a secretária ressaltou que as novas economias, como a criativa, solidária, azul, verde, circular, são hoje vetores estratégicos de desenvolvimento e enfrentamento de desigualdades. Também anunciou a criação, em 2026, do Observatório Brasileiro da Cultura e da Economia Criativa, que produzirá indicadores e metodologias para apoiar estados e municípios na elaboração de políticas baseadas em evidências.
Dados e metodologias para políticas mais sólidas
Responsável pela metodologia do seminário ao lado de Kátia Costa, Daniele Canedo, professoras e pesquisadoras na área, apresentou resultados de pesquisas desenvolvidas no Observatório da Economia Criativa da Bahia (Obec), ressaltando que o campo demanda dados, pactuação e imaginação. “Políticas públicas precisam de dados, imaginação e pactuação. É isso que estamos fazendo aqui”, afirmou.
Daniele apresentou e explicou que a análise do primeiro ciclo da Aldir Blanc mostra que a economia criativa aparece de forma fragmentada nos editais, com nomenclaturas diversas e sem padronização técnica.
Ela também apresentou os tipos de ações que vêm sendo desenvolvidas sob o guarda-chuva da economia criativa, como estudos, formação, modelos de negócio, gastronomia, artesanato, design e moda.
Economia criativa nos territórios: análise e diretrizes da Aldir Blanc
A diretora de Desenvolvimento da Economia Criativa do MinC, Andrea Guimarães, apresentou a proposta preliminar do Programa Nacional Aldir Blanc de Apoio à Economia Criativa, estruturado a partir das evidências apresentadas pelo Obec e das análises dos ciclos da Aldir Blanc.
Andrea ressaltou que o programa se baseia na continuidade das políticas anteriores, mas agora estruturado como ação permanente. “Políticas e programas permanentes de economia criativa nos territórios têm impacto direto na economia local: geram trabalho decente, renda digna e fortalecem o sentimento de pertencimento das comunidades”, afirmou.
A proposta do programa integra linhas de apoio à formação, infraestrutura, governança e inovação, alinhada à Política Nacional Aldir Blanc e às diretrizes do Sistema Nacional de Cultura. A ideia é que os entes federados destinem pelo menos 10% dos recursos anuais da Aldir Blanc a ações de economia criativa.
Construção coletiva de uma política nacional
Ao longo do dia, o seminário promoveu trocas e grupos de trabalho sobre temas como modelos de gestão, governança, territórios criativos, dados, formação e estratégias de desenvolvimento. Os debates reforçaram o caráter transversal da economia criativa dentro do Sistema MinC e a importância da participação dos territórios na construção da política.
No encerramento, Cláudia Leitão enfatizou o caráter coletivo do processo e a contribuição dos participantes. “As secretarias, sejam municipais, sejam estaduais, têm um papel fundamental, uma personalidade importante nesse processo. Falar de economia criativa é reconhecer a transversalidade desse tema nas estruturas públicas”, disse.
Ela ressaltou que as iniciativas levantadas durante o seminário serão incorporadas às próximas etapas de trabalho da Secretaria. “Há uma riqueza imensa de ideias e contribuições aqui. Tudo isso será incorporado à metodologia construída pelo Obec Bahia para que possamos sair deste encontro com entregas concretas e consolidar esse caminho coletivo”, concluiu.
Fonte: Ministério da Cultura

