Principal fórum internacional para negociações climáticas, a COP29, Conferência do Clima da ONU, realizou, na manhã desta sexta-feira (15), sua segunda Reunião de Alto Nível Ministerial de Cultura. O encontro é parte dos esforços do Grupo de Amigos da Ação Climática baseada na Cultura (GFCBCA, na sigla em inglês) – iniciativa criada em 2023, co-presidida pelo Ministério da Cultura do Brasil e pelo Ministério da Cultura dos Emirados Árabes Unidos.
A ministra Margareth Menezes, que participa do G20 Social, no Rio de Janeiro, enviou um vídeo de saudação aos membros do grupo. Nele pontuou como a Declaração de Salvador da Bahia, aclamada na última sexta-feira (8), está alinhada ao debate.
“Tenho a alegria de compartilhar com vocês que obtivemos uma vitória importante, ao posicionar a cultura como parte fundamental da questão climática. A Declaração de Salvador da Bahia do G20 não apenas reconhece os avanços obtidos desde a COP28, citando expressamente a criação do nosso Grupo de Amigos, como também chama os países a inserirem a cultura, o patrimônio, as artes e a economia criativa nas estratégias nacionais de mitigação e adaptação às mudanças do clima”, detalhou.
Ao anunciar a fala da titular da Cultura no Brasil, o ministro da Cultura do Azerbaijão, Adil Karimli, elogiou o posicionamento sensível da Pasta à questão climática. E classificou como “admirável” a postura do Brasil neste debate.
Margareth Menezes reforçou a importância do caminho traçado desde a primeira Reunião de Alto-Nível de Ministros da Cultura no âmbito da COP, realizada em 2023. “No ano passado, em Dubai, nos reunimos pela primeira vez neste formato, no contexto de uma COP. Foi um marco muito importante, sobretudo porque pudemos nos organizar coletivamente para buscar alavancar o poder da cultura como agente de transformação e ação climática”.
“O Ministério da Cultura, com a liderança da Ministra Margareth Menezes, tem se engajado na defesa da cultura como ferramenta de transformação social, desenvolvendo a estratégia dessa coalização de países que buscam inserir a cultura na agenda da UNFCCC. Temos tido apoio e visibilidade crescentes”, avaliou o coordenador-geral da Assessoria Internacional do MinC, Vinícius Gürtler, que participou das reuniões.
A reunião demonstrou a importância de espaços para a cultura na discussão sobre o clima. “Não estamos falando somente de adaptação, mas de mitigação, e sobretudo, de mudança de comportamento dos países, da sociedade, em prol de um mundo mais sustentável, resiliente e mais verde. E como a cultura está permeando esse debate”, pontuou o coordenador.
Ao final da Reunião Ministerial da Cultura no Azerbaijão, a presidência da COP29 se manifestou de maneira favorável à integração da Cultura na agenda de clima. Leia a íntegra do Comunicado da Troika de Cultura – COP29 aqui.
Pavilhão Brasil
O Brasil tem um pavilhão na COP29, espaço que concentrará debates diversos sobre atividades do governo federal, estados, municípios, sociedade civil, movimento negro, povos indígenas, quilombolas, setor privado, trabalhadores, cooperativas e pequenas e médias empresas. Cerca de 60 eventos destacarão ações brasileiras nos eixos da transformação ecológica no país: Nova Infraestrutura Verde e Adaptação; Finanças Sustentáveis; Bioeconomia e Sistemas Agroalimentares; Transição Energética; Adensamento Tecnológico e Setor Produtivo; e Economia Circular.
Painéis
Ao longo de 11 dias, o Brasil integra a programação da COP29. São 60 painéis realizados no Pavilhão Brasil, com temas variados. Thiago Jesus, gerente de projetos Indígenas e de ações climáticas da People’s Palace Projects participou do painel Entertainment and Culture for Climate Action (ECCA), iniciativa da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) dedicada aos setores de cinema e televisão, jogos, música e artes visuais.
“É um consenso que a liderança do Brasil é a melhor oportunidade que temos para que a cultura seja integrada nas políticas climáticas globais. A Declaração de Salvador da Bahia do G20 foi um passo muito importante nessa direção, e precisamos agora garantir que a decisão final da COP em Baku contenha a linguagem necessária reconhecendo esses avanços. Isso é fundamental para que a COP 30 seja o momento histórico em que a cultura vai fazer parte de todos trabalhos técnicos, científicos e estratégicos da Convenção”.
E completa: “Não existe outro país no mundo que tenha uma diversidade cultural e biológica tão extraordinárias. A nossa presidência da COP30 é o cenário perfeito para colocarmos no papel a necessidade de valorizar, preservar e integrar os valores culturais, as práticas tradicionais e os conhecimentos indígenas e quilombolas na revisão dos compromissos climáticos globais”.
O que é a COP?
A COP é um encontro anual para países-membros da chamada Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (também conhecida pela sigla UNFCCC). O objetivo do grupo é encontrar soluções comuns para os atuais desafios climáticos. Ao todo, 196 integram o grupo, criado em 1992, durante a Rio92.
Em 2024, a Conferência chega à 29ª edição — daí o nome COP29. A presidência da cúpula é de Mukhtar Babayev, atual ministro da Ecologia e Recursos Naturais do Azerbaijão.
Fonte: Ministério da Cultura