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Patrimônio mundial, Frevo é celebrado neste 14 de setembro

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Quem poderia imaginar uma dança frenética acompanhada de pequenas sombrinhas coloridas com origem de um movimento de resistência e a favor da democracia? Pois essa é a história do frevo, patrimônio cultural imaterial reconhecido pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), celebrado neste dia 14 de setembro.

A expressão artística originária em Pernambuco, no século 19, é reconhecida como patrimônio da humanidade também pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Nasceu da disputa envolvendo bandas militares e negros recém-alforriados, misturando dança com movimentos da capoeira. E ganhou esse nome a partir verbo ferver (“frever”), resultado dos movimentos frenéticos e acelerados.

“O frevo, uma arte especialmente viva no carnaval de Pernambuco, reflete, justamente, a forma especial do nosso povo se manifestar, assegurando sua liberdade de pensamento por meio da arte”, destaca a ministra da Cultura, Margareth Menezes.

Presidente do Iphan, Leandro Grass, destaca que a preservação do frevo tem um importante espaço do Recife, no chamado Paço do Frevo, um museu aberto ao público e com preços populares. “No Dia Nacional do Frevo, reconhecemos a importância dessa manifestação tão característica de nossa cultura, que é um bem registrado como patrimônio cultural do Brasil. É, sem dúvida, uma de nossas mais ricas expressões culturais, enraizada em Pernambuco, mas que conquistou o Brasil inteiro”. O presidente do Iphan destaca, ainda, o edital do Programa Nacional de Patrimônio Imaterial (PNPI) – investimento de R$ 7,5 milhões, que visa ao desenvolvimento de projetos para salvaguarda do patrimônio cultural imaterial. 

Origem

A historiadora Carmem Lélis, pesquisadora de cultura popular, explica a relação do frevo com a resistência, assim como inúmeras manifestações artísticas brasileiras. “Nossa forma de brincar vem da resistência do povo negro, vem da ocupação de ruas em busca de espaço como poder social. É uma luta racial e social. Brincamos para guerrear e guerreamos para brincar”, destaca.

Foi aos oito anos que Rebeca Gondin, passista de frevo da Zona Norte de Recife, descobriu a expressão artística, em Olinda. Ela classifica o frevo como um olhar sobre o mundo, a partir da escuta e do comportamento resultante dessa escuta. “É uma forma de lutar. O frevo, para mim, é instrumento de transformação social, é um refúgio, nosso quilombo”, defende. Ela explica ainda ser necessário acabar com o estigma de que frevo acontece apenas no carnaval. “O frevo acontece todos os dias, é um poder racial e social”.

Considerada a mais antiga passista de frevo do Brasil, Zenaide Bezerra, 74 anos, foi a homenageada no carnaval deste ano em Recife, ao lado do compositor Geraldo Azevedo e de Dona Marivalda, presidente do maracatu Estrela Brilhante. “Nunca poderia imaginar ser patrimônio vivo da cidade. Comecei aos oito anos com meu pai e me renovo a cada apresentação”, conta ela, revelando que mal acaba um carnaval já começa a mobilização de toda a família pelo evento do ano seguinte.

Professora do Departamento de Música da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Maria Aida Barroso emociona-se ao ressaltar o impacto do Frevo Vassourinhas. “É um chamado impressionante de ver em Pernambuco. De repente, todo mundo se levanta e gera uma empolgação muito impactante”, conta.

O reconhecimento da importância do frevo, além de ganhar uma cadeira como disciplina na academia, salienta Maria Ida, gerou a formação de uma orquestra. “Começou como um projeto de extensão e, hoje, um estudante de instrumento musical pode escolher entre tocar na orquestra sinfônica ou na orquestra de frevo. Estou na UFPE desde 2010 e sinto-me extremamente honrada em construir nossa própria história como agente em uma universidade pública.”

O estudo do frevo também é alvo na área de esporte. Quem comenta é José Valdomiro, o Minininho, passista, professor de frevo e profissional de Educação Física. “Estamos estudando o gasto energético do frevo na UFPE, onde há um núcleo de investigação de desempenho esportivo”. Apaixonado pelo frevo, Minininho não avalia a manifestação artística apenas sob o ponto de vista da ciência do exercício. “Penso no frevo como algo a se entender, refletir quem dançava no século 19, importância como fortalecimento de nossa identidade e preservação de sua essência. Quais condições sociais existiam quando o frevo nasceu? Pensar no passado nos faz construir o futuro e me considero agente de preservação do frevo para as futuras gerações”.



Fonte: Ministério da Cultura

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