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Painel sobre cooperação Ibero-americana abre programação do MICBR+Ibero-América e destaca cultura como motor de desenvolvimento

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O Ministério da Cultura (MinC) abriu o MICBR +Ibero-América 2025, em Fortaleza (CE), nesta quarta-feira (4) com o painel A cultura como eixo da cooperação Ibero-americana, valorizando o tema como ponto de partida para debates sobre o desenvolvimento e a integração cultural na região. O encontro, que deu início a uma agenda de painéis com especialistas, gestores e representantes da sociedade civil, reforçou o papel da cultura como uma força motriz para a democracia e a economia.

Moderado por Vinícius Gürtler, coordenador-geral de Assuntos Internacionais do MinC, o painel de abertura ressaltou o papel da cultura “não apenas como uma expressão simbólica, mas também como uma força motriz de desenvolvimento, de integração e de democracia”.

Márcio Tavares, secretário-executivo do Ministério da Cultura, detalhou a visão do governo para a economia criativa, posicionando-a como um motor de transformação. Ele destacou o papel do setor na transição energética, por ser uma economia de baixo impacto ambiental, e mencionou a importância que o tema da cultura teve na última COP. Ele também abordou a necessidade de políticas territorializadas para combater desigualdades históricas. “A gente tem, no Brasil, regiões que são culturalmente muito ricas e, ao mesmo tempo, com dificuldades, o que é um enorme contrassenso. Então, entender a enorme riqueza cultural dessas regiões como um potencial concreto para melhoria da qualidade de vida, de oportunidades, gerar empregabilidade, garantir a permanência das pessoas nessas regiões”, afirmou.

O diretor de Arte e Cultura da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), Raphael Callou, destacou a importância da colaboração. “A gente tem um conjunto de programas e projetos que a gente desenvolve em parceria com o Ministério da Cultura e com outros países da região, e o que a gente tem visto é que a cooperação é o caminho. Não há solução individual para problemas que são coletivos”.

Antônia Pelegrino, diretora de Conteúdo e Programação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), abordou a cultura como uma ferramenta de soft power em um cenário geopolítico tensionado. “É difícil não falar em soft power. Claro que é fundamental a perspectiva de direitos, mas também é importante a gente se pensar como um setor fundamental para a disputa geopolítica que o mundo vive hoje”, disse. Ela ressaltou a riqueza da economia criativa do Brasil e defendeu a rede de comunicação pública como uma “infraestrutura de soft power” e a regionalização do conteúdo como essencial para fortalecer essa plataforma, mostrando a diversidade brasileira para o mundo.

Na sequência dos debates, o painel Planos de Cultura e Direitos Culturais promoveu um diálogo sobre o papel dos planos de cultura como instrumentos para a consolidação dos direitos culturais. A mediação foi de Callou, e a mesa contou com a participação de representantes do Brasil, Espanha e Costa Rica.

“Se tem algo que o espaço ibero-americano tem oferecido para as políticas culturais como um elemento novo, agregador e inovador nessa agenda, é a noção de direitos culturais, de cidadania cultural”, afirmou Marcio Tavares, também presente neste debate.

Outro tema de relevância na programação foi a gestão sustentável do patrimônio, debatida no painel Gestão sustentável do patrimônio cultural: modelos e estratégias. Com mediação de Cecilia Sá, subsecretária de Espaços e Equipamentos Culturais, a mesa trouxe três perspectivas distintas sobre a sustentabilidade de equipamentos culturais. A vice-ministra da República Dominicana, Alicia Baroni Bethancourt, apresentou os mecanismos de seu país, destacando uma “Lei de Mecenato” similar à Lei Rouanet brasileira, mas que enfrenta grandes dificuldades de implementação.

Marcelo Velloso, diretor do Museu de Arte do Rio (MAR), apontou o baixo engajamento de grandes investidores como um problema central e criticou como a especulação imobiliária se beneficia da valorização gerada por equipamentos culturais sem que haja um retorno para a manutenção desses espaços. Ele sugeriu a criação de um fundo para a sustentabilidade dos equipamentos com recursos provenientes das apostas esportivas (bets). Renata da Silva Cardoso, do Museu Acervo da Laje, em Salvador, corroborou a dificuldade de manutenção, descrevendo-a como uma “eterna busca de recursos”, e destacou o enorme envolvimento da comunidade. Durante o debate, foi citado o exemplo de Bogotá e Medellín, na Colômbia, onde um imposto sobre as companhias telefônicas gera um fundo específico para a manutenção de equipamentos culturais.

Rodadas de Negócios

Durante o dia, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, realizou uma visita ao espaço para dialogar com empreendedores e compradores participantes da rodada de negócios. “Em Belém, tivemos a geração de mais de R$ 70 milhões em negócios e a nossa expectativa é que isso dobre”, destacou.

Acompanhada da secretaria de Cultura do Ceará, Luisa Cela, do secretário-executivo da Pasta, da secretária de Economia Criativa, Cláudia Leitão, e da secretária de Audiovisual, Joelma Gonzaga, a ministra também destacou que o Mercado representa “potência e oportunidade de trabalhar com futuro”, pois “trabalhar com arte é trabalhar também com a melhoria de vida das pessoas”.

Entre os empreendedores mais experientes, o arte-educador gaúcho Jackson Jones, também conhecido como Flow Jack Mandinga, está em sua terceira edição do Mercado e se autointitula “cria do MICBR”. Após participar do Mercado de Indústrias Criativas da Argentina (Mica), por meio do Ministério da Cultura, o artista disse ter “se apaixonado” pela iniciativa e o dinamismo do mercado público de economia criativa. “Em 2018, o MinC me levou para participar do MICA, na Argentina. Foi “paixão à primeira vista” pelo funcionamento e conexão entre os protagonistas do setor de economia criativa. Desde então, me tornei “cria do MICBR”. Participei da edição em Belém e hoje estou em Fortaleza para, mais uma vez, me conectar ao setor criativo”, finalizou.

Com a trajetória no meio cultural iniciada em 1993, Flow Jack integra a terceira geração do movimento Hip-Hop do Rio Grande do Sul. O arte-educador também coordena o Ponto de Cultura Fluxo Mandinga Arte Movimento. Para esta edição, o arte-educador trouxe um case representativo e multisetorial que une diversos segmentos da economia criativa, como moda, audiovisual, patrimônio e Hip-Hop, para apresentar aos potenciais compradores.

Há também que participa pelo MICBR pela primeira vez. A nicaraguense e desenvolvedora de negócios da empresa estadunidense The Power Group, Kwanyin Delgado, destacou que participar do Mercado lhe permitiu conhecer mais sobre a diversidade da produção de jogos eletrônicos no Brasil. “Em minha primeira vez aqui, consigo enxergar a importância de promover essa conexão com as mais diversas empresas e desenvolvedores de games do País. Foi com este espaço que conseguimos alcançar produtos inéditos e com grande potencial para ganhar o mercado global de jogos eletrônicos.

Kwanyin também representa a Associação de Criadores de Jogos do Estado do Rio de Janeiro (Acjogos-RJ), entidade que reúne mais de 80 empresas fluminenses ligadas ao setor de jogos eletrônicos. Neste âmbito, ela relata que o Mercado representa um caminho para a integração nacional do segmento de games brasileiro. “É uma oportunidade de movimentar uma grande parcela da galera responsável por produzir jogos no Brasil. Poucas iniciativas nos dão essa chance de interagir e trocar economicamente com todo o país”, finalizou.

El Salvador aposta em fomento cultural mais inclusivo

O painel Além dos Editais: novos caminhos para o fomento à cultura abriu espaço para uma reflexão sobre modelos de incentivo mais inclusivos e estruturantes, com a participação do ministro da Cultura de El Salvador, Raúl Castillo. A mesa também foi composta por Marcelo Bones, consultor em políticas culturais e gestor cultural do Teatro Andante; Leonardo Lessa, diretor-executivo da Fundação Nacional de Artes (Funarte); e Leandro Maciel, coordenador de Políticas para as Artes da Secretaria de Cultura do Ceará. A mediação foi realizada por Lia Baron, professora da Universidade Federal Fluminense.

O ministro iniciou seu discurso relatando as transformações recentes no país, como a criação de uma biblioteca 24h com infraestrutura inclusiva, a expansão de espaços culturais com horários estendidos e a descentralização das atividades para pequenas cidades e zonas rurais. Castillo destacou ainda que o número de usuários dos equipamentos culturais saltou de cem mil para quase 4,5 milhões ao ano.

Para o titular da Cultura de El Salvador, fomentar cultura depende de acreditar na capacidade criativa dos cidadãos e de construir políticas que promovam inclusão, sustentabilidade e articulação regional. “O fomento à cultura vai além de concursos e podemos dizer assim: o fomento à cultura vai além de discursos, é ação pura, porque a arte se concretiza fazendo”, completou.

Atividades Formativas

Este foi também o dia que marcou o início das atividades formativas, reunindo especialistas e criativos de diversos setores da economia criativa do Brasil e de países convidados. O evento promoveu painéis, debates e keynotes que abordaram o papel da cultura e das artes como ativos estratégicos de desenvolvimento, além de explorar políticas públicas, cadeias produtivas e inovação no setor criativo.

Entre os destaques do dia, o painel “A riqueza do Brasil das Artes” trouxe à mesa a Secretária de Economia Criativa do Ministério da Cultura, Cláudia Leitão, e a presidente da Funart, Maria Marighella. O debate discutiu a dimensão socioeconômica, simbólica e de mercado das artes no país, considerando seu papel como riqueza coletiva e componente central da economia criativa.

A partir das diretrizes da Política Nacional das Artes, o painel analisou como as artes movimentam cadeias produtivas, geram trabalho e renda, ampliam cidadania e estimulam novas dinâmicas de desenvolvimento local e territorial. Foram abordados ainda os desafios estruturais do setor, incluindo desigualdades regionais, modelos de financiamento, fortalecimento de redes produtivas, proteção social e marcos regulatórios específicos.

Para Cláudia Leitão, secretária de Economia Criativa do MinC, destacou que “a arte, da forma como é produzida e implementada, acaba com preconceitos. Ela transforma as pessoas dentro do seu trabalho, dentro da escola, dentro da vida. E, quando colocamos a dimensão econômica nisso tudo, percebemos que não é um aspecto menor ou desprezível. É o cotidiano das pessoas sendo transformado pela arte”.

Complementando Cláudia, Maria Marighella, presidente da Funart, acrescenta “aí entram também as tradições naturais, populares, como maneiras de antecipação, de sobrevivência, mas mais do que isso, de partilha. De um sensível, de um simbólico, mas também de um nada real. E aí chego à Política Nacional das Artes, as artes da liberdade, as artes que eu encontrei na cultura como um ativo da democracia e da insubordinação”.

Outro momento importante foi o painel Fundo Setorial da Música: objetivos e perspectivas, que debateu a criação do Fundo Setorial da Música (FSM) como instrumento estratégico para fortalecer e estruturar o ecossistema musical brasileiro. O debate abordou a necessidade de consolidar um mecanismo de financiamento contínuo, descentralizado e capaz de atender à diversidade de agentes, modelos de negócio, linguagens e territórios da cadeia musical.

Entre os pontos discutidos, destacaram-se a profissionalização do setor, o alcance das políticas de fomento, a redução das desigualdades regionais e de acesso, a digitalização, a inovação, os direitos autorais e a internacionalização.

Keynote

A mesa Ceará Criativo: Quando a Literatura Vira Tela, Mercado e Política Cultural? promoveu debate entre o público e o cineasta cearense Halder Gomes, que trouxe experiências da adaptação de obras literárias para o audiovisual, destacando o impacto cultural e econômico da produção local e sua circulação nacional e internacional. O debate explorou como a literatura cearense, marcada por pluralidade estética, oralidade e memória, se transforma em filmes, séries, peças e plataformas digitais, fortalecendo cadeias criativas e identidades culturais.

Halder Gomes comentou que o sucesso de seu filme Cine Holliúdy se deve por ser um filme feito de memórias e pelo incentivo do Ministério da Cultura. “Um país diverso, com prioridades próprias e múltiplas culturas, precisa de um ministério que não imponha uma expressão sobre as outras. O sentimento de pertencimento foi tão grande que ele viralizou na época do VHS. Depois disso, fiz também Seu Luiz como longa, fruto dessa política do Ministério da Cultura de centralização dos editais, que criou o edital de filmes de baixo orçamento”.

Saiba mais sobre o MICBR+Ibero-América 2025 aqui.

MICBR+Ibero-América

Realizado em Fortaleza (CE), de 3 a 7 de dezembro, o MICBR+Iberoamérica combina atividades de formação — mentorias, oficinas, palestras e mesas redondas — com oportunidades de negócios, como rodadas, apresentações de projetos, showcases e momentos de networking. A iniciativa celebra a força da cultura brasileira e reafirma o papel estratégico da economia criativa no desenvolvimento sustentável, na integração regional e na valorização da diversidade cultural.

A edição 2025 é uma realização do Ministério da Cultura, correalização da Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), do Governo do Estado, por meio da Secult Ceará, e Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secultfor.

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Fonte: Ministério da Cultura

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