Em uma celebração marcada por brilho, cores, performances drags e toda a potência das expressões artísticas da comunidade LGBTQIA+, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, foi uma das personalidades homenageadas, nesta quarta-feira (27), durante a 4ª edição do Prêmio Jorge Lafond de Arte e Cultura LGBTQIA+, entregue no Museu da República, em Brasília. Idealizado pelo Distrito Drag – Coletivo de Artistas Drags do Distrito Federal, o prêmio reconhece pessoas e iniciativas que tenham se destacado pela qualidade e relevância do trabalho prestado ao setor.
Ao receber a deferência, a chefe da Cultura destacou a importância da pauta. “Nesse momento, o nosso ministério tem buscado fazer políticas que abracem a todos os cidadãos e cidadãs do Brasil, porque isso é democracia: a gente fazer políticas inclusivas. Temos cotas para a comunidade LGBTQIA+ nos projetos que estamos lançando e queremos apoiar, cada vez mais, a comunidade, que tanto merece e precisa do reconhecimento, do apoio e do fortalecimento na luta por direitos”, completou.
Uma das ações do Ministério da Cultura (MinC) para esse público é o Edital de Premiação Cultura Viva Sérgio Mamberti, composto por quatro categorias, sendo uma delas o Prêmio Diversidade Cultural. O objetivo é reconhecer e valorizar a produção cultural de grupos que compõem a pluralidade da sociedade brasileira, incluindo a comunidade LGBTQIA+. Nesta categoria, que também contemplará pessoas idosas, com deficiência e em sofrimento psíquico, serão entregues 328 premiações. Cada uma tem o valor de R$ 30 mil. No total, o edital – que se encontra em fase de habilitação das candidaturas – reconhecerá 1.117 iniciativas culturais distribuídas entre todas as regiões do país. Os prêmios somam mais de R$ 33 milhões.
A comunidade LGBTQIA+ também esteve presente na 4ª Conferência Nacional de Cultura, realizada no início de março, contribuindo ativamente com as propostas priorizadas e que serão a base para o Plano Nacional de Cultura (PNC).
“Além de ser uma grande homenagem ao saudoso Jorge Lafon, é também uma noite especial para a gente reconhecer o trabalho daqueles e daquelas que têm ajudado na promoção e na defesa da cidadania. E que venham muitas outras edições para a gente seguir reconhecendo os nossos pares, os aliados que contribuem para a construção de uma sociedade sem preconceito e sem discriminação”, afirmou uma da diretoras do Distrito Drag, Ruth Venceremos.
A premiação é um reforço à imagem de Jorge Lafond, que se tornou nacionalmente conhecido pelos papeis que interpretou na TV brasileira, especialmente a drag queen Vera Verão. A cerimônia de entrega ocorre em alusão à data de aniversário de Lafond, que completaria 72 anos em 29 de março. O artista faleceu em janeiro de 2003. “É uma honra ser homenageada por esse troféu que leva o nome de um artista, uma pessoa tão importante que contribuiu tanto com sua vida inteira na dedicação à cultura, à expressão, à arte em nosso país”, lembrou a ministra.
Para a artista Simone Demoqueen, a eterna Vera Verão é mais do que uma referência. “Um nome tão forte que, na verdade, ultrapassa esse limite de pessoa. É quase uma entidade. É aquilo que nos dá força, é aquilo que é ancestral. E, para a gente estar aqui nesse palco para falar sobre a vida, talento, energia e toda a potência de Jorge Lafond é muito importante”, disse. Ela reforçou a necessidade de se debater a cultura LGBTQIA+ no âmbito das questões raciais. “As pessoas negras muitas vezes são esquecidas até pelo próprio sistema LGBTQIA+. Hoje, a gente mostrou um pouquinho do que é a cultura ballroom. A nossa força e a nossa união faz com que a gente acesse esse tipo de lugar e que a gente tenha tudo o que merecemos.”
Essa edição do Prêmio faz parte do projeto Diversidade no Quadradinho, realizado pelo Distrito Drag, celebrado com a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal. O evento foi apresentado pela drag queen Organzza, vencedora do programa de TV Drag Race Brasil, contou com performances da drag Victor Baliane e da comunidade ballroom Casa de Laffond. A premiação é distribuída em 20 categorias, que valorizam as expressões artísticas e culturais da comunidade LGBTQIA+, mas abordam também questões de identidade, visibilidade, luta por direitos e preservação da história e da memória.
Confira a lista de premiados:
Arte transformista: Márcia Pantera (SP)
Cultura Ballroom: Dan Macedo (DF)
Narrativas dissidentes: Diana Salu (DF)
Cinema e Audiovisual: Festival DIGO (GO)
Artes Visuais: Naomi Cary (DF)
Comunicação: Thiago Malva (DF)
Orgulho: Diego Martins e Amaury Lorenzo (SP/MG)
História e Memória: Keila Simpson (BA)
Militância LGBTQIA+: Michel Platini (DF)
Moda e Beleza: Luyd (DF)
Música: Margareth Menezes (BA)
Parlamentar aliado: Pastor Henrique Vieira (RJ)
Parlamentar LGBTQIA+: Daiana Santos (RS)
Produção Cultural: Carol Borges (DF)
Iniciativa Cultural: BSB Trans Masc (DF)
Tá passada? Quem vê close não vê corre: Afrobapho (BA)
Políticas Públicas: Silvio Almeida (SP)
Drag revelação: Adora Black (DF)
Faz a diferença: Tarciana Medeiros – presidenta do Banco do Brasil (PB)
Promoção e Defesa dos Direitos Humanos: Erika Kokay (DF)
Fonte: Ministério da Cultura