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MinC vai ao Chile para os eventos sobre os 50 anos do golpe de Estado

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Rememorar a história para fortalecer a democracia é uma das muitas reflexões possíveis da exposição “Fotojornalismo e Ditadura: Brasil 1964/Chile 1973”, do brasileiro Evandro Teixeira. A mostra será inaugurada no dia 10 de setembro no Museu da Memória e dos Direitos Humanos (MMDH), na capital chilena, como parte das celebrações pelos 50 anos do golpe de estado no Chile. O evento é resultado de uma parceria entre o Itamaraty, o Ministério da Cultura (MinC) e o Instituto Moreira Salles.

O secretario-Executivo do MinC, Márcio Tavares, desembarca em solo chileno no sábado (9), quando irá se reunir com a diretora do MMDH, Maria Fernanda García Iribarren. Logo após, participa do lançamento do livro “O Brasil de Pinochet. A ditadura brasileira, o golpe no Chile e a guerra fria na América do Sul”, de Roberto Simon, no Centro Cultural Espanha. Em seguida, ele acompanha um encontro de fotógrafos promovido pelo fotojornalista Evandro Teixeira, no Centro Cultural Gabriel Mistral. À noite, participa de jantar oficial oferecido pelo Presidente Gabriel Boris, no Palácio de La Moneda

No domingo, 10, o secretário-Executivo prestigia a cerimônia de recepção da “Caravana Viva Chile”, que reúne, aproximadamente, 200 brasileiros (as) que estavam exilados no país durante a derrubada do governo democrático do presidente Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973. Na maioria dos casos, os brasileiros (as) estavam no Chile devido ao golpe civil-militar ocorrido no Brasil em 1964.

Em seguida, ao lado do ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida, e do embaixador do Brasil no Chile, Paulo Roberto Soares Pacheco, Márcio Tavares participa da abertura da exposição “Fotojornalismo e Ditadura: Brasil 1964/Chile 1973”. À tarde, a agenda segue com uma reunião com a ministra da Cultura, Artes e Patrimônio do Chile, Carolina Marzán; e com a gestora cultural Carmen Romero.

Em 11 de setembro de 1973, o Palácio de La Moneda, sede da Presidência do Chile, foi cercado por forças militares. O prédio foi bombardeado, invadido e o presidente Salvador Allende morreria antes de acabar o dia. Os militares tomaram o poder e Augusto Pinochet iniciou a ditadura que duraria até 1990, resultando em 3.200 mortos e 38 mil presos e torturados

Para que não se esqueça

“Uma defesa apaixonada da democracia”. Dessa forma o fotojornalista de 87 anos define sua exposição. “As minhas fotografias apresentadas na exposição eternizam um capítulo tenebroso da história do Brasil e do Chile. Mas ao contar essa história, conseguimos renovar a necessária memória sobre o que é, de fato, uma ditadura e seus horrores”, destaca.

Ele fala ainda do registro do corpo de Pablo Neruda ao lado de sua esposa Matilde na Clínica Santa Maria, em 1973, que ganhou o mundo. “De repente, uma porta estreita numa lateral se abriu e eu não pensei duas vezes, simplesmente entrei e já fiz a primeira foto ao me deparar com o corpo de Neruda numa maca ao lado da viúva Matilde. Foi um choque”, revela. “A todo tempo eu me perguntava: estou sozinho aqui, a história acontecendo na minha frente e eu sendo o único fotojornalista a registrar isso?”

E não parou por aí. De forma exclusiva, fotografou presos no porão do Estádio Nacional, desmontando a farsa do governo Augusto Pinochet. Conhecendo o local “na palma da mão” – pois cobriu a Copa do Mundo lá, anos antes – não se conformou em estar com alguns detidos (supostamente bem tratados) em um espaço delimitado da arquibancada.

“Dispersei-me do grupo e andei pelo Estádio por alguns minutos com a minha Leica escondida no colete, mirei a escada que dava nos vestiários no subsolo e desci. Lá me deparei com os verdadeiros presos políticos no porão. Alguns atrás de grades, outros sendo revistados com rosto para parede, outros sendo empurrados com violência para uma outra sala. Só tive tempo de registrar alguns cliques e subir a escada. Foi chocante ver essa realidade”, lembra o fotojornalista.

Caravana Viva Chile

Historiador e escritor, Belluce Bellucci sentiu na pele a realidade da perseguição política no Brasil e refugiou-se no Chile. Integrante do movimento Viva Chile, ele vai conferir a exposição em Santiago ao lado de outros companheiros do coletivo que reúne ao menos cinco centenas de exilados brasileiros. “A exposição é muito importante porque poucos foram os registros do golpe e Evandro conseguiu essa façanha”, celebra ele, que também revela gratidão ao povo chileno pelo acolhimento durante os anos de chumbo no Brasil.

Para finalizar, o historiador destaca a importância de conhecer e se reconhecer na história: “A imagem para a memória é o renascimento do passado. Lutamos no presente para dizer o que foi o passado porque o passado está sempre em disputa. Nesse sentido, queremos louvar a iniciativa da embaixada brasileira que leva as imagens do Evandro Teixeira para o Chile para que possamos rememorar aquele acontecimento, trazendo novas versões para o presente para que não aconteça mais.”

Serviço

Agenda MinC no Chile

 

Visita ao Museu da Memória e dos Direitos Humanos (MMDH)

Data: 09/09/2023

Hora: 10h (horário do Chile)

Local: Museu da Memória e dos Direitos Humanos 

 

Lançamento do Livro de Roberto Simon

Data: 09/09/2023

Hora: 12h (horário do Chile)

Local: Centro Cultural Espanha

 

“Parlatório” do Evandro Teixeira com outros fotógrafos

Data: 09/09/2023

Hora: 16h30 (horário do Chile)

Local: Centro Cultural Gabriel Mistral

 

Cerimônia com Caravana Viva Chile

Data: 10/09/2023

Hora: 10 horas (horário do Chile)

Local: Museu da Memória e Direitos Humanos de Santiago

 

Abertura da exposição Fotojornalismo e Ditadura. Brasil 1964/Chile 1973

Data: 10/09/2023

Hora: 12 horas (horário do Chile)

Local: Museu da Memória e Direitos Humanos de Santiago

 

Reunião com a Ministra da Cultura, Carolina Marzán

Data:10/09/2023

Hora: 14h30 horas (horário do Chile)

 

 

 



Fonte: Ministério da Cultura

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