Projeto que tem como foco famílias de baixa renda residentes em regiões tombadas de cidades históricas, como é o caso do centro histórico da capital do Mato Grosso, o Canteiro-Modelo de Conservação em Cuiabá foi lançado nesta quinta-feira (28), no Teatro da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A cerimônia celebrou a parceria entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), entidade vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), e a universidade para a implantação da iniciativa, que receberá investimento de R$ 5,5 milhões.
A ação integra o programa Patrimônio Cidadão e contempla outros municípios do país. Oferece assistência técnica gratuita a famílias com renda de até três salários mínimos, para a restauração de seus imóveis, e representa uma mudança de modelo na maneira como o Iphan administra os recursos na preservação do patrimônio cultural.
“Estou muito feliz com essa grande conquista da cultura mato-grossense. Com o programa Patrimônio Cidadão, o MinC e o Iphan estão fazendo uma ação inclusiva com todas as comunidades e territórios que, ao longo da história, ficaram à margem das políticas de patrimônio. É preciso entender que nos centros históricos também vivem pessoas e famílias há muitos anos. E elas também são protagonistas dessa ação de preservação da memória material do Brasil. E acrescentou: “Nessa ação também vamos qualificar a mão de obra local, com o projeto Canteiro-Modelo de Conservação. Com isso, estamos materializando a ideia de que o nosso maior patrimônio é o povo”, afirmou a ministra da Cultura, Margareth Menezes, em vídeo apresentado no evento.
O coordenador-Geral de Orientação e Capacitação para Estados, Distrito Federal e Municípios do MinC, Binho Riani Perinotto, sublinhou a importância do projeto para que as pessoas tenham a percepção que fazem parte de um local. “Cultura mais educação e mais patrimônio e memória é trabalhar o pertencimento, e, nesse caso, principalmente, o pertencimento popular. As cidades precisam ser de todos. Sem exclusão e discriminação. Em Cuiabá, o Centro Histórico, onde também tem, por exemplo, a Casa das Pretas, é espaço da comunidade, da sociedade, como um todo, enquanto ponto de transformação ao preservar o que muitas vezes tenta-se apagar”.
As obras são realizadas em parceria com instituições de ensino técnico e superior federais e apoiadas pelas prefeituras municipais, o que possibilita ainda a qualificação da mão de obra local. Em Cuiabá, a instituição parceira do projeto é a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFMT.
Programa
O projeto dos Canteiros-Modelo de Conservação integra um conjunto de ações intersetoriais e transversais do Iphan para a preservação do patrimônio cultural com foco em grupos sociais historicamente excluídos das políticas públicas. O programa Patrimônio Cidadão articula todos os departamentos do Iphan com vários segmentos da sociedade para um movimento de reparação histórica, promoção do desenvolvimento territorial e da dignidade humana, por meio da preservação do patrimônio.
Também participaram da cerimônia o reitor da UFMT, Evandro Aparecido Soares da Silva; o pró-reitor de Cultura, Extensão e Vivência, Fabrício Carvalho; a superintendente do Iphan em Mato Grosso, Cassiana Oliveira; o diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do Iphan, Andrey Schlee; e o coordenador-Geral de Conservação do Iphan, Paulo Farsette.
Visita
Na sequência do evento, os participantes realizaram uma caminhada pelo centro histórico de Cuiabá. Na Casa de Bem-Bem, eles conferiram uma apresentação musical dos alunos do Instituto Ciranda. A instituição oferece formação musical para cerca de 800 crianças, adolescentes e jovens de Cuiabá e diversas outras cidades do Mato Grosso.
O encerramento foi na Casa das Pretas, centro cultural formado pelo Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso (Imune) para a criação e manifestação da arte e cultura afro-brasileira, além de debates sobre questões sociais de raça e gênero.
Durante a visita, a secretária dos Comitês de Cultura, Roberta Martins, destacou que a aproximação com os estados é uma missão do MinC. “Em Mato Grosso, nós teremos essa tarefa de aproximar as ações da Pasta identificando as especificidades de um estado tão grande e que possui uma diversidade e riqueza cultural tão grande. Manifestações tradicionais, uma forte tendência das artes da palavra e das artes cênicas e da literatura. Mas, sobretudo, a importância do MinC é funcionar como articulador de políticas públicas de cultura para que os recursos públicos cheguem à população e a cultura seja um importante vetor de desenvolvimento para o estado”, afirmou.
Fonte: Ministério da Cultura