Nesta sexta-feira, 08 de agosto, Salvador recebeu uma reunião estratégica entre a Fundação Cultural Palmares e a Secretaria de Cultura da Bahia (Secult-BA) para alinhar a execução da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) no território brasileiro. O encontro reforçou a necessidade de ampliar o alcance da política para todos os estados do país, garantindo a descentralização de recursos e a valorização das expressões culturais negras, quilombolas, de matriz africana e periféricas.
Participaram da reunião o presidente da Fundação Palmares, João Jorge Rodrigues; o secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro; a chefa de gabinete da Secult-BA, Nadjane Estrela; a diretora de Fomento, Thaís Viscardi; o assessor Rafael Manga; a diretora do Departamento de Políticas Afirmativas da FCP, Fernanda Thomaz; a coordenadora de Comunicação da FCP, Marcela Ribeiro; e o coordenador de Gestão Interna da Fundação, Carlos Eduardo.
Com R$ 71 milhões já aplicados na Bahia, a execução da PNAB no estado tem se destacado como referência: 56,44% dos recursos foram destinados a ações afirmativas, contemplando diretamente povos de terreiro, comunidades quilombolas, mestres e mestras de capoeira, blocos afros e agremiações de axé. Bruno Monteiro afirmou que a Bahia demonstra que é possível aplicar uma política cultural estruturante, com foco na justiça racial, no reconhecimento das culturas de matriz africana e no fortalecimento dos territórios tradicionais, mas destacou que o mais importante é que essa experiência não fique restrita ao estado, pois a PNAB é uma política nacional e o que está sendo construído precisa dialogar com o Brasil inteiro, sendo uma responsabilidade coletiva.
A PNAB é uma política pública de abrangência nacional, concebida para atender realidades diversas, do interior da Amazônia às periferias urbanas do Sudeste, e promover a reparação histórica de comunidades e expressões culturais invisibilizadas ao longo do tempo. Para João Jorge Rodrigues, a política reconhece a capoeira como herança viva da luta contra a opressão, apoia mães e pais de santo como lideranças culturais e garante fomento contínuo a blocos afros, afoxés e comunidades quilombolas, sendo exatamente esse tipo de política que deve se espalhar pelos estados.
Além do fomento direto, a reunião tratou de temas estruturais, como a necessidade de ocupar espaços institucionais hoje subutilizados. Foi citada, por exemplo, a possibilidade de ativar andares ociosos no prédio da Fundação Palmares no Pelourinho, transformando-os em centros de memória, formação e articulação para a cultura afro-brasileira.
Embora os dados da Bahia sejam inspiradores, a mensagem central do encontro foi enfática: a PNAB é uma política de Estado para todos os estados do Brasil. Seu êxito depende da articulação entre União, governos estaduais e municipais, e da escuta ativa de comunidades culturais e tradicionais. Com a conclusão do primeiro ciclo e a preparação para os próximos editais, a Fundação Palmares reafirma seu papel como articuladora nacional da política, garantindo que os recursos cheguem aos territórios que historicamente ficaram fora do mapa da cultura oficial. Um Brasil que reconhece, respeita e investe em sua diversidade cultural não se constrói de forma isolada, mas com compromisso, cooperação e reparação histórica.
Fonte: Ministério da Cultura