O Festival de Cinema dos BRICS terminou no último domingo (7), em Fortaleza (CE), reafirmando o papel estratégico do cinema como ponte entre os países do Sul Global. Realizado no Cinema do Dragão e na Pinacoteca do Ceará, o encontro reuniu autoridades, realizadores, curadores, delegações internacionais e público local em uma programação gratuita, diversa e plural.
As sessões se destacaram pela inclusão: todas foram 100% acessíveis, com legendas para surdos e ensurdecidos (LSE), audiodescrição e interpretação em Libras — reforçando o compromisso do evento com a democratização do acesso ao audiovisual.
Ao longo dos quatro dias, foram exibidos 16 filmes, entre longas e curtas de ficção, documentário e animação, com produções recentes de Brasil, China, Índia, África do Sul, Rússia, Indonésia e Emirados Árabes Unidos. Os países representados presencialmente nesta edição foram Brasil, África do Sul, China e Rússia.
Programação diversa e encontros estratégicos
A agenda combinou exibições com debates e reuniões institucionais, com destaque para o painel BRICS e Audiovisual: soberania cultural e desafios de cooperação internacional e para o encontro realizado na Pinacoteca do Ceará, que aproximou autoridades, curadores, realizadores e delegações internacionais. Participaram a secretária do Audiovisual do Ministério da Cultura (SAV), Joelma Gonzaga, e o coordenador-geral de Assuntos Internacionais do MinC, Vinícius Gürtler, contribuindo para o diálogo sobre cooperação e ampliação de redes entre os países do bloco.
Delegações internacionais ampliaram a dimensão global da edição. Estiveram presentes Frida Fan Jingwen, do Festival Internacional de Cinema de Xangai; Stacey Lefine, da National Film and Video Foundation; e Masana Chikeka, diretora-geral interina de Desenvolvimento Cultural da África do Sul. A programação contou também com a participação dos realizadores Karabo Lediga (Sabbatical, África do Sul), Svyatoslav Ushakov (Sonho de uma Noite de Inverno, Rússia) e Angelina Strechina (Amor à União Soviética, Rússia), fortalecendo a troca entre profissionais do setor.
Visão institucional
A secretária do Audiovisual, Joelma Gonzaga, avaliou positivamente os resultados. “O Festival do BRICS reafirma o papel do Brasil na construção de pontes culturais e no fortalecimento do audiovisual do Sul Global. Saímos daqui com redes ampliadas, novas parcerias e uma troca muito rica entre os países. Foi uma edição marcada pela diversidade, pela acessibilidade e pelo compromisso com a circulação das nossas obras.”
Avanços estruturantes e internacionalização
A abertura, que contou com a presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes, marcou anúncios importantes para o setor. A criação da Empresa Cearense do Audiovisual e a formalização da Fortaleza Film Commission representam avanços estruturantes para atrair produções, facilitar filmagens e fortalecer a cadeia produtiva no estado. As iniciativas reforçam o posicionamento de Fortaleza como polo estratégico do audiovisual brasileiro.
Outro destaque foi o lançamento do Catálogo de Internacionalização do Cinema Brasileiro 2025, que reúne mais de cem obras selecionadas para circulação em embaixadas brasileiras. A iniciativa da SAV amplia a difusão internacional do cinema nacional e fortalece políticas culturais de promoção no exterior.
Diálogo, diversidade e futuro para o cinema do Sul Global
O público reforçou a percepção do impacto da programação. “O cinema não é só entretenimento, é uma forma de aprender. Toda arte é engajada para o bem ou para o mal, e quando você olha para isso, você aprende”, afirmou o advogado Cezareo Correa Filho, 57 anos, que acompanhou a sessão do longa- metragem sul- africano Sabbatical, exibido no dia 05.
O jornalista Reinaldo Oliveira, 59, pontuou a ligação entre entretenimento e conexão de diferentes culturas. “Estou ansioso para ver o filme russo e outros também. Costumo assistir a esse tipo de produção para saborear a cultura dos países. No caso do festival do BRICS, é uma forma de apreciar a cultura como integração global”.
Beatriz Marçal, 26, produtora cultural, apostou na curadoria do Festival. “Vim no escuro para conhecer curtas de outros lugares. Quero absorver todas as referências possíveis para criar coisas novas”, revelou.
Para os curadores, o evento também deixa contribuições importantes. “O importante é posicionar o Brasil como um país que não só produz, mas vê cinema do BRICS e dialoga com ele. Queremos que os próximos curadores deem continuidade a essa rede de histórias, pensando em um futuro de coproduções e distribuição”, avaliou Flavia Guerra.
Fábio Rodrigues Filho acrescentou: “o Festival faz coro ao trabalho de formação de público. Ele ofereceu uma cinematografia raramente vista no Brasil e apresentou o filme brasileiro Morte e Vida Madalena, ainda inédito nacionalmente — um verdadeiro elogio ao cinema e a quem faz cinema”.
A próxima edição do Festival de Cinema do BRICS será realizada na Índia, dando continuidade ao ciclo de cooperação cultural entre os países do bloco.
Fonte: Ministério da Cultura

