A manhã de hoje (4) ainda era fresca quando, às 9h, as primeiras duplas de compradores e vendedores começaram a tomar seus lugares na Praça Verde, marcando o início das rodadas de negócios do MICBR+Ibero-América 2025. Em mesas coloridas e identificadas por setores, sotaques se cruzavam em português, espanhol e inglês — alguns com ajuda de intérpretes, outros recorrendo ao improviso amistoso que só grandes encontros internacionais podem proporcionar.
A cena tinha a energia de um primeiro dia de escola e a tensão suave de uma entrevista de emprego. Carteiras de apresentação abertas, cartões trocados, sorrisos nervosos, ideias rápidas. Ali, em poucos minutos, nasciam negociações com potencial para atravessar países, idiomas e fusos horários.
“A ideia é criar a primeira fagulha. Às vezes é agora que um projeto começa e só vai ganhar forma daqui a meses ou anos”, explica Victor Braga, da Universidade Federal do Ceará, que atua como oficial de ligação entre compradores e vendedores estrangeiros — muitos deles de lugares tão diversos quanto Uruguai, Argentina, África do Sul, Costa Rica, Espanha e Portugal. É ele quem assegura que a conversa flua, mesmo quando a língua trava. “O importante é esse encontro. Tudo começa aqui.”
Expectativas altas e caminhos possíveis
Para empreendedores brasileiros, o primeiro dia começa como um mapa em branco — cheio de possibilidades. “Estou muito animada. A gente trabalha com multiáreas, e esse ambiente permite conversar com setores diferentes ao mesmo tempo”, conta Maria Souza, produtora cultural de Curitiba e fundadora da Poço e Pêndulo.
Representando serviços que vão da produção à gestão e elaboração de projetos, ela circula entre as mesas com uma estratégia própria: usa o aplicativo do evento, uma espécie de rede social, para encontrar potenciais parceiros.“Funciona como um Instagram”, explica. “Ali conseguimos acessar contatos, trocar mensagens e marcar conversas. As rodadas são o início — o resto a gente desdobra depois.”
O alcance internacional das rodadas
Não são apenas brasileiros abrindo caminhos. O público internacional veio disposto a formar redes duradouras — e, em alguns casos, de grande escala. “Estou aqui representando 50 cidades da Europa”, afirma Carlos Martins, gestor cultural português ligado à rede Culture Next. “O que eu levo daqui é multiplicado. Quando encontro um artista interessante, não levo para uma cidade — levo para cinquenta.”
Martins os recebe em sua mesa e segue analisando projetos capazes de construir pontes culturais entre Europa e América do Sul. Ele lembra que esteve na primeira edição em São Paulo e agora retorna com uma missão ampliada: “Queremos criar oportunidades reais, não apenas conversas. Tenho certeza de que vamos sair daqui com muitas consequências, muitos desdobramentos.”
Entre Angola e o mundo
O entusiasmo mais expansivo do dia, porém, vinha de um dos corredores. “Das duas reuniões que já tive hoje, acho que já ganhei o dia”, celebra Sílvio Nascimento, ator, produtor executivo e presidente da Associação Angolana de Cinema e Audiovisual.
Representante oficial do Ministério da Cultura de Angola, Sílvio está no MICBR para vender produtos audiovisuais — filmes, telenovelas, animações, documentários — e ampliar o alcance da produção angolana no mercado internacional. “Temos conteúdo. Muito mesmo. E queremos vender”, diz com firmeza, minutos antes de se preparar para uma reunião com a Warner Bros.
Para ele, as rodadas, além de serem uma oportunidade de negócios, são um gesto político e cultural. “Represento um país inteiro, uma comunidade de criadores. Venho com todos eles no coração”, afirma. “O Brasil está de parabéns por realizar o maior mercado criativo do mundo. É inspirador estar aqui.”
Um espaço onde ideias encontram futuro
Ao longo da manhã, a Praça Verde foi se tornando um grande laboratório de futuros possíveis. Projetos nasciam de conversas rápidas; colaborações internacionais surgiam de apresentações espontâneas; mapas de mundo eram redesenhados com cada aperto de mão.
Entre a expectativa dos brasileiros, a estratégia e a energia vibrante dos amigos estrangeiros, o primeiro dia das rodadas mostrou por que o MICBR se consolida como um dos maiores mercados criativos do mundo pela força do encontro.
E amanhã começa tudo de novo — com novas mesas, novos idiomas, novas possibilidades. A fagulha acesa hoje promete iluminar muitos caminhos nos próximos dias.
MICBR+Ibero-América
A edição 2025 é uma realização do Ministério da Cultura, correalização da Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), do Governo do Estado do Ceará, por meio da Secult Ceará, e da Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secultfor.
Patrocínios e apoios

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Fonte: Ministério da Cultura

