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Década do IberCultura Viva: Seminário marca avanços e desafios da integração cultural ibero-americana

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Comemorando uma década de existência, o Programa IberCultura Viva, um importante espaço de diálogo, articulação e cooperação entre os Estados da Ibero-América, deu continuidade, nesta quinta-feira (28), ao seminário comemorativo, com mesas sobre os Resultados e Desafios do Programa IberCultura Viva, Integração Ibero-Americana e Atuação em Rede na Formação, Pesquisa e Extensão. O evento, realizado em Brasília, contou com a presença de gestores e representantes de 13 países e se consolidou como uma plataforma vital para o fortalecimento das culturas locais e a integração regional.

A abertura do seminário foi marcada por uma mesa de debate sobre os resultados e desafios do Programa IberCultura Viva, mediada por Flor Minici, secretária-técnica do programa. Ela destacou a importância da governança democrática no desenvolvimento das políticas culturais, e como a escuta constante das necessidades das comunidades culturais e o trabalho colaborativo são fundamentais para garantir a relevância e o impacto das políticas implementadas.

“Estamos aqui para discutir pautas estratégicas que vão fazer parte dessa política nos próximos anos e equilibrar tudo o que estivemos falando ao longo desses dias”, disse.

Diego Benhabib, consultor de Redes e Formação do programa, apresentou uma linha do tempo do IberCultura Viva, ressaltando os avanços conquistados ao longo da última década. Ele detalhou a trajetória do programa, iniciado em 2014, quando o Brasil assumiu a liderança, e que, desde então, tem promovido intercâmbios culturais e fortalecido as políticas de base comunitária na América Latina.

“Nosso programa é único, não só pela sua amplitude, mas pela forma como ele atende às necessidades das organizações culturais de cada país membro. A cada ano, adaptamos as ações às realidades locais, mas sempre com o objetivo de fortalecer as políticas de cultura comunitária”, destacou o consultor. “Ele serve como referência para as políticas de base comunitária que impulsionam nossos países”, completou.

A mesa também contou com a participação de Márcia Rollemberg, presidente do Programa IberCultura Viva e secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura. Em seu discurso, ressaltou a importância do trabalho coletivo e destacou o compromisso de cada país envolvido na construção das políticas culturais de base comunitária.

“Este processo de cooperação, com um resultado que reflete uma maturidade de 10 anos de trabalho conjunto, é um registro muito importante. Estamos em um processo de finalização, e em breve o resultado estará disponível, com algumas correções a serem feitas para garantir que tudo esteja dinâmico. Essa entrega também é fundamental, pois representa um marco importante para mantermos a memória desse trabalho”, disse.

A troca de experiências entre os países participantes foi um dos pontos altos do evento durante a manhã. Representantes de países como Argentina, Chile, Colômbia, México e El Salvador compartilharam suas vivências e desafios enfrentados na implementação de políticas culturais voltadas para as comunidades.

Em El Salvador, por exemplo, a criação do incentivo Ponto de Cultura, inspirado na experiência brasileira, foi fundamental para dar visibilidade a iniciativas locais que, muitas vezes, operam sem o apoio do Estado.

“Em 2016, foi criado um incentivo chamado Ponto de Cultura, também em El Salvador, inspirado na experiência brasileira e no movimento que estava sendo desenvolvido. Isso contribuiu para a visibilidade das iniciativas que já estavam sendo feitas em El Salvador nas regiões de Cultura Viva. Isso nos possibilitou que organizações fossem reconhecidas como Pontos de Cultura, o que foi uma das primeiras vezes em que se pôde acessar fundos de concursos para apoiar iniciativas que, muitas vezes, operam sem o apoio do Estado”, relatou Walter Romero.

A Costa Rica foi um dos países que também participou da mesa. “O primeiro passo foi dado para o nosso país, que foi incorporado ao Programa em 2015. Sentimos muito honrados e honradas em fazer parte do Programa. O IberCultura Viva nos ensinou muito, e um dos principais aprendizados foi justamente que o Ponto de Cultura é uma possibilidade flexível e adaptável ao contexto, à diversidade e às diferentes realidades dos países. Com a criação do Programa, foi implementada no país a Política Nacional de Direitos Culturais. O IberCultura Viva nos forneceu mecanismos e instrumentos para compreender como orientar a implementação dessa política e como buscar, cada vez mais, o acesso e o exercício efetivo dos direitos culturais, algo tão necessário na região ibero-americana”, enfatizou Johanna Madrigal.

Tarde

Com o tema “Integração Ibero-Americana”, foi discutido, por representantes de instituições culturais e governamentais, como a integração cultural tem se consolidado através do IberCultura Viva, destacando a importância de um diálogo renovado entre os países da região para enfrentar os desafios do futuro. A mesa foi mediada por Marianela Riquelme Aguilar, do Chile.

“A integração entre países é frequentemente compreendida sob prismas econômicos e políticos. No entanto, hoje estamos diante de desafios muito maiores e mais profundos, que envolvem a dimensão cultural e exigem um diálogo renovado para as próximas décadas de existência deste programa, que esperamos tenha uma longa vida”, pontuou a mediadora.

Sara Díez Ortiz de Uriarte, representante da Secretaria Geral Ibero-americana (Segib), compartilhou reflexões sobre a implementação do modelo de política cultural promovido pelo programa, ressaltando que, enquanto a América Latina tem avançado significativamente na institucionalização do modelo Cultura Viva, países como Espanha e Portugal ainda não possuem uma estrutura consolidada nesse sentido. “O exemplo do Brasil, com o seu programa Cultura Viva, tem sido inspirador para outros países, e esperamos que no futuro essa integração cultural possa ser expandida para além da América Latina”, afirmou.

Júlia Pacheco, secretária das Culturas de Niterói e representante da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, também contribuiu, destacando a importância da municipalização das políticas culturais e como a integração entre as esferas governamentais tem potencializado as ações culturais em nível local.

O Instituto Latino-Americano de Promoção da Cultura Viva Comunitária, representado por Eduardo Balan, também compartilhou suas experiências sobre como a Cultura Viva tem se expandido em diversos territórios, com destaque para o trabalho realizado pela organização El Culebrón Timbal, que, a partir de um coletivo de rock, hoje é um centro cultural em Buenos Aires, promovendo atividades de formação e preservação da cultura comunitária.

Em seguida, a discussão sobre a atuação em rede na formação, pesquisa e extensão foi mediada por Emiliano Fuentes, co-diretor de Redes de Gestão Cultural (RGC). Deborah Rebello compartilhou as experiências e desafios do Consórcio Universitário Cultura Viva, destacando que o consórcio é uma verdadeira rede de “agitadores interconectados”, que transcende as barreiras geográficas e acadêmicas. Formado por universidades de diferentes regiões do Brasil, o consórcio nasceu de uma mobilização poética e política dos mediadores acadêmicos, que reconhecem a importância do papel das universidades na construção de uma agenda de políticas públicas culturais.

“Podemos descrever isso, de forma informal, como uma conexão entre universidades, mas o Consórcio é mais do que isso. Ele surgiu de uma mobilização que entende a Cultura Viva como uma plataforma para transformar não apenas a academia, mas também a sociedade”, afirmou.

Ela também contextualizou o trabalho do Consórcio dentro de um panorama mais amplo, destacando a relevância histórica do período pós-2003, quando o Brasil vivenciou uma “primavera das políticas culturais”. Esse momento foi fundamental para a construção de uma política cultural inclusiva e diversa, que se reflete até hoje nas ações do Consórcio.

Participaram também da mesa Belén Igarzábal, representante da FLACSO Argentina; Diego Pigini, do GT de Sistematização do Programa IberCultura Viva; Alexandre Santini, presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa; e Sebastião Soares, diretor de Culturas Populares e Tradicionais da Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura do Brasil.

A programação do dia foi finalizada com uma atividade cultural. Para quem deseja acompanhar o evento de forma online, é possível acessá-lo pelo canal do IberCultura Viva no YouTube.



Fonte: Ministério da Cultura

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