O Baile do Menino Deus: Uma Brincadeira de Natal é um espetáculo de fim de ano que investe na brasilidade. Em vez de trenós, neve e renas há maracatus, frevo, caboclinho e reisado. Essas manifestações culturais representam a herança cultural dos povos indígena, negro e ibérico em uma peça que aborda questões como inclusão, solidariedade, desigualdade e oportunidade. A maior encenação natalina baseada na cultura do país chega à 22ª edição no Marco Zero do Recife, dias 23, 24 e 25 de dezembro, às 20h, para uma plateia estimada em 70 mil pessoas. Patrimônio Imaterial da capital pernambucana desde 2024, a apresentação gratuita e ao ar livre, com recursos de acessibilidade, tem apoio da Lei Rouanet.
A montagem nasceu em 1983, do desejo do escritor Ronaldo Correia de Brito e seus amigos Assis Lima e Antonio Madureira (Zoca) de criarem um auto de Natal inspirado na tradição da festividade brasileira mais antiga. A estreia foi no teatro, permanecendo em cartaz por oito anos consecutivos.
“Nas décadas de 1960 e 1980, o país foi invadido por uma nova colonização cultural, sobretudo dos Estados Unidos e da Europa Central, a do Natal gelado. A celebração brasileira vinha da tradição ibérica, sobre o nascimento de um menino Deus. Com essa apropriação comercial, os protagonistas, Maria José e o menino, foram expulsos”, conta Ronaldo.
Segundo ele, práticas culturais populares serviram de fonte para a encenação. “Nos inspiramos nas brincadeiras populares tradicionais, nos autos natalinos de folia de reis, guerreiro, Cavalo Marinho, bumba meu boi, entre outros. O texto é baseado na dramaturgia do reisado, e as músicas nessas brincadeiras”, explica.
No enredo, dois homens de nome Mateus procuram pela casa onde nasceu Jesus para festejar o Natal ao lado de José e Maria. Durante a jornada cruzam com criaturas fantásticas do imaginário popular, grupos de expressões artísticas e enfrentam dilemas existenciais, sociais e coletivos.
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Novidades
A edição 2025 traz várias novidades. O sanfoneiro Flávio Leandro fará a cena do pastoreio do boi. Finalista do Grammy Latino, a cantora Joyce Alana estreia no Baile. Dança popularizada por Michael Jackson, o popping, se une ao Hip-Hop, caboclinho e frevo nos passos do dançarino Dimas Popping..
Já Flávio Leandro, expoente do forró, e Maestro Spok, ícone do frevo e do jazz brasileiros, também compõem o time do espetáculo, que teve atualizações em cenas, arranjos e personagens
Neste ano, a montagem teve apresentação em Goiana, na Mata Norte do estado, e realizou cortejo com mais de 300 artistas ligados aos ciclos natalino e carnavalesco. Irá ganhar ainda especial em plataforma de streaming.
Livro
Desde 2004, o Baile do Menino Deus integra o calendário oficial do Marco Zero, principal palco a céu aberto do Recife. Também virou filme, livro paradidático adotado pelo MEC, com tiragem de 700 mil exemplares, e inspira montagens de Norte a Sul do país.
Lei Rouanet
Viabilizada por meio da Lei Rouanet, a edição deste ano foi autorizada pelo Ministério da Cultura (MinC) a captar R$ 3,33 milhões para a sua realização. O secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, Henilton Menezes, destaca o caráter diverso da Lei. “O Baile do Menino Deus, uma celebração histórica e popular de final de ano que reúne uma multidão de recifenses anualmente, é um entre centenas de exemplos que mostram como a Lei Rouanet é plural e longeva no fortalecimento do setor cultural brasileiro”, salienta.
Para o autor e diretor, ela teve grande impacto no projeto. “A entrada da Lei Rouanet significou uma mudança radical. Ela possibilitou que a gente trouxesse patrocinadores de fora do Nordeste. A Rouanet é fundamental para que o Baile seja o que é, essa expressão de maior espetáculo natalino do país”, frisa Ronaldo.
Fonte: Ministério da Cultura

